ZUMBIDOS (miniconto)
Zumbidos provocam agonia no jovem. Bate as mãos para espantar as abelhas ou seriam moscas? Sua cabeça lateja. Anda mais rápido. Atravessa a avenida sem olhar. Buzinas cortam a sua passagem. Palavrões e gritos de maluco são ouvidos. Mas, nada além do zumbido, o afeta. Chacoalha a cabeça. Dá uma tapa na orelha. Dói! O zumbido continua, lá. Irritante. Para! Senta sobre a sombra da arvore. Olha para cima e parece ver uma réstia de luz zunindo por sua cabeça. Assusta! Seu rosto contorce pela agonia do barulho irritante. Ajoelha no chão e coloca as mãos sobre os ouvidos. Chiados! Sente a presença do barulho nas intrincadas veias do seu corpo. Os decibéis explodem o tímpano. Está no local marcado para o encontro. E se ela não vier? E se o zumbido não se for? Está louco! O que fazer para acabar com ele? Ela vai chegar a qualquer instante. Será que ela vai escutar o zumbido? O que vai pensar dele? O zumbido o acompanha há muito tempo. Na casa, na escola, no trabalho; ele o ouve. Mas, nas últimas horas, o desbaratina! Ficou alto demais. Buzinas? Gritos? Guitarra elétrica? Mulheres? Turbinas do avião? Trio elétrico?Barulho! Ela chega! Dá um beijo na sua boca. Fala! Ele não a ouve. Então, ela retira dos seus ouvidos o MP3 Player e o zumbido cessa! Silêncio!