O LAPSO DA LÍNGUA

No dia em que a coragem permitiu que dissesse, me pediu um beijo. Como a coragem não havia me coberto da mesma intenção, fiz por pena e nenhuma palavra pronunciei.

Me irrita.

Me esqueço do instante, a cobrança me faz culpado e não sinto.

Ao sacudir as mãos ao longe não me incomodei em retribuir. Feri. Braços dormentes diante da negativa; as lágrimas se iniciaram logo.

Eu chupava uma bala.

A moça ao meu lado observava os movimentos do maxilar e nada dizia.

Não importava que eu quisesse, que meus lábios se movessem e minhas mãos se despedissem dos créditos no fim do filme, não tive o toque.

Fabiano Rodrigues
Enviado por Fabiano Rodrigues em 07/07/2009
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