O LAPSO DA LÍNGUA
No dia em que a coragem permitiu que dissesse, me pediu um beijo. Como a coragem não havia me coberto da mesma intenção, fiz por pena e nenhuma palavra pronunciei.
Me irrita.
Me esqueço do instante, a cobrança me faz culpado e não sinto.
Ao sacudir as mãos ao longe não me incomodei em retribuir. Feri. Braços dormentes diante da negativa; as lágrimas se iniciaram logo.
Eu chupava uma bala.
A moça ao meu lado observava os movimentos do maxilar e nada dizia.
Não importava que eu quisesse, que meus lábios se movessem e minhas mãos se despedissem dos créditos no fim do filme, não tive o toque.