Juizo Final

Numa tarde muito quente no começo do ano de 2007...

Após uma entediosa manhã na minha casa, com os pensamentos longe em um mundo muito distante e irreal, que você nem sabe que existe.É lá que eu paro para pensar um pouco na vida,posso afirmar que muitas vezes é bom mais nem sempre funciona,as vezes passo horas pensando mais não consigo achar uma solução para o que enfrento.

Depois de tanto pensar e pensar a manhã inteirinha resolvi esfriar a cabeça, então as 14 hr peguei um ônibus, sem ao menos saber para onde ele ia, ou de onde ele vinha, nem ao mesmo quis obter tal informação, Ao entra no ônibus percebo que todos estavam exaltados, E se manifestavam de forma bem estranha quando eu passava entre eles, me veio a sensação que eu estava incomodando-os, mais por que? Por que se incomodavam comigo? Por que olhavam pra mim? Afinal, por que eu peguei aquele ônibus?

Tentei me acomodar no último banco do lado direito, onde podia ver toda a movimentação dos pedestres na calçada, sentia-me cada vez mais sem espaço, como que cada uma daquelas pessoas que olhavam pra mim tomavam a minha privacidade me deixando sem saber para onde olhar, só pude abaixar a cabeça e tentar entender porque faziam aquilo comigo. Será que minha aparência assunta? Talvez a minha falta de vaidade? Não sei.

Do lado direito do ônibus podia ver toda a movimentação dos transeuntes, não demorou muito, e minha atenção foi tomada por um cão que passeava pela calçada entre as pessoas,e como havia muito trânsito pude acompanha-lo com a minha vista,então pus a minha mente á filosofar novamente e me questionava: E se eu fosse aquele cachorro? Será que seria mais feliz? Um ser incapaz de desenvolver um papel moral entre a sociedade humana, incapaz de tramar um futuro perante a sua irracionalidade hereditária, pois vive por viver, come se alguém o alimentar ou se achar algum resto de comida no lixo,respira como nós,mais não pode prender a respiração,não pode entender porque existe,não pode ao menos viver em paz com uma sociedade que age com atos desumanos mais não tem a capacidade de enxergar seu erro.Será que eu seria feliz sendo um cachorro?

Pode parece meio estranho pensar dessa formar mais seria uma boa maneira de me desviar dos problemas sem ter que vive-los. E no instante em que pensava sobre o assunto

fui interrompido com um grito muito fora de melodia:

-ALGUEM ME AJUDE AQUI !

Todos do ônibus pareciam muito assustados todos correram pra o lado em que eu estava, logo eu não podia ver o que estava acontecendo lá fora, não podia saber o motivo de tanta agitação das pessoas,com um pouco de esforço pude observar que havia uma pessoa desmaiada e sua acompanhante gritava desesperadamente por ajuda,não demorou muito para que chegassem dois guardas que puseram-se a atender,com o ritímo bem diminuído o ônibus passa pelo local, E com toda a minha curiosidade consegui enxergar um veiculo atrás do homem caído,todos inclusive eu julgavam como um atropelamento,uma cena bastante desconfortante de ser observada principalmente comigo que sou muito sensível para muitas coisas.

O ônibus continuou o seu rumo agora com o trânsito um pouco melhor,já nem se via mais o acidente,mais os comentários ainda persistiam,as pessoas nem olhavam mais pra mim,com exceção de uma criança que persistia em me observar,era uma menina que aparentava uns 6 anos de idade,me pus a trocar olhares com menina que estava acompanhada de sua mãe e um urso de pelúcia na mãos,não consegui entender porque só ela olhava pra mim agora,resolvi ignora-la mais foi em vão,é muito difícil fazer alguma coisa sabendo que tem alguém te observando independentemente de quem seja,mesmo ela sendo uma criança eu me sentia como algo estivesse sobre minhas costas fazendo uma força para baixo me forçando a ficar no meu lugar sem se mexer.logo senti que a atenção da menina já não era mais pra mim e sim para o seu brinquedo que carregava. "nossa" que alivio... eu já nem sabia onde estava nem sabia se ainda estava em minha cidade ou já estava em outra,então achei que era hora de voltar pra casa,me levantei e dei alguns passos até a porta traseira,já era a minha vez de descer mais o condutor daquele veiculo não parou,percebi que ao invés de parar a aceleração era cada vez mais constante,até que todos perceberam que tinha algo errado e já estavam todos nervosos novamente,o motorista não respondia aos passageiros que gritavam,gritos que foram aumentando de tom muito depressa,não sabia o que estava acontecendo,logo me vi desesperado também com aquela situação,não podia pensar em nada a não ser em gritar,mais eu sabia que não ia adiantar em nada e me contive. Então ninguém sabia o que estava acontecendo, com muita dificuldade devido á agitação das pessoas eu consegui chegar ao motorista, ele não me respondia nem ao menos se mexia, eu me desesperava cada vez mais.ninguém comandava o ônibus estava sozinho no transito,pedi ajuda a um senhor que estava próximo de mim tiramos o motorista de seu lugar,então eu me pus a conduzir o ônibus e em seguida o parei muito perto de um loja de calçados evitando uma batida,a primeira reação das pessoas foram tentar sair do ônibus,mais todas as portas e janelas se travaram sem um motivo aparente,de repente começa uma tempestade e uma escuridão intensa tomou conta de todo o redor do ônibus onde estávamos,raio e relâmpagos começaram a ser tornarem constantes, já ninguém queria sair do ônibus,todos ficaram parados tentando entender o que acontecia enquanto a tempestade fazia com que o ônibus tremesse muito,poxa o que estava acontecendo?,todas saídas se travaram,não se podia enxergar nada lá fora,só tentava encontrar uma resposta pra isso,mais não consegui,muitas mulheres e crianças choravam aterrorizadas e os homens permaneceram quietos.

Eu estava sentado no banco do condutor quando o ônibus começou a funcionar, começando a se mover vagarosamente,não consegui para-lo,era muito estranho,as pessoas pensavam que eu estava fazendo aquilo e me gritavam pra parar,eu disse que estava tentando parar o ônibus,mais ninguém acreditou,foi ai que vieram e me tiraram do lugar onde estava,um homem aparentemente muito calmo se pois ao meu lugar e tentou parar o ônibus que a velocidade ia aumentando com todo tempo que se passava,o ônibus parecia que tinha vida própria,logo não tinha outra explicação para isso se não Deus.Era o fim do mundo, tudo estava acabado, tudo que construímos e amávamos iria ser deixado pra trás, o ônibus parou as portas se abriram, não sabíamos onde estávamos, descemos do ônibus e podemos notar bilhões de pessoas no mesmo lugar cada uma com uma etiqueta na mão logo desse um anjo muito bonito do céu, mais não podíamos ver sua face.Ela brilhava como o sol ele nos explicou que Deus estava enfurecido com a humanidade e resolveu acabar com o que ele tinha construído, ficamos aterrorizados com a noticia, era a hora do julgamento final,cada um ia agora responder por seus atos cometidos na terra.as pessoas pediam perdão pelos que fizeram, outras choravam.E eu continuava parado, eu sabia que fui uma pessoa boa, mais algumas coisas que eu fiz isso pode me condenar a estadia permanente no inferno.

Eu olhava todas aquelas pessoas e já não via a figura humana em ninguém, era com se já estivéssemos todos em espírito, de um á um, alguns eram levados para o céu, suas almas passavam sobre mim eu podia até sentir o vento de uma nova vida, uma vida sem preocupações e tristezas, fiquei esperando a minha vez, muitas horas se passaram e agora poucas almas estavam sendo levadas, E pensei por que ainda estava ali? O anjo que flutuava sobre todos nós já se recolhia, eu chorei muito, sabendo que não fui bom o suficientemente para desfrutar a vida eterna, não podia conter o meu choro, estava acompanhado de muitas pessoas e já sabia que estávamos condenados a humilhação do inferno para sempre, eu só chorava me arrependendo das coisas do que fiz,querendo voltar atrás pra fazer tudo certo,mais sabia que já era tarde.Ajoelhei-me e coloquei as mãos no rosto enxugando as lagrimas, quando o anjo que estava de costas se virou para mim e estendeu a mão, eu não hesitei e também estendi a minha, assim fui levado junto com os outros e já não podia mais ver as outras pessoas que ficavam lá em baixo, minha visão foi se apagando, só podia ouvir os choros de quem ficava, eu fui perdoado no ultimo instante fiquei muito contente com isso. Hoje vivo no céu e observo o inferno daqui de cima.

Bruno De Jesus Lima
Enviado por Bruno De Jesus Lima em 30/06/2009
Código do texto: T1675127
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