*ESTRANHA LIGAÇÃO*
O som do vibracall ,de meu celular, voltou a chamar minha atenção naquela manhã chuvosa de setembro. Eram 7;00 h, e antes que a musica iniciasse a tocar com estardalhaço e acordasse os meus netos, atendi ao chamado :
- Alô?...com quem quer falar? - perguntei sem receber resposta.
- Alô...alô! quem é?...posso ser útil? - insisti.
Em vão, perguntei mais duas vezes, mas o silêncio foi a resposta que obtive, até o aparelho fazer aquele som característico de queda na ligação. Bem, quem ligou, certamente vai ligar novamente. Ou foi engano, e ao ouvir a minha voz, deu-se conta do erro, ou ficou sem sinal. Eu tinha algumas tarefas a serem feitas na parte da manhã e o celular serviu como despertador. Levantei da cama e tratei de arrumar-me,pois o dia seria longo e não poderia perder tempo. Foi nesse exato momento que o vibracall iniciou uma nova sessão de chamada. Em passos rápidos cheguei até ele e assim pude perceber que era o mesmo número que havia me chamado antes. Tudo se repetiu,de forma quase idêntica, a não ser algumas palavras que acrescentei ao monologo, pois do outro lado , quem estava na linha ,ou não queria falar,ou relutava em fazê-lo. A ligação voltou a cair. Intrigado, resolvi ligar para o número gravado na memória e para minha surpresa ouvi a seguinte mensagem automática: “Esse número não existe, ou está desligado ou fora de alcance” Revi o chamado, conferindo a hora ,data e número. Estava tudo certo. Por esse motivo tentei varias vezes e como dava sempre a mesma mensagem,desisti. O tempo, passa sem que percebamos ,e desde a primeira ligação recebida já lá se iam mais de 50 minutos...quase uma hora. Enquanto tomava o café e pensava, os nervos iam ficando à flor da pele ,mas mesmo bastante irritado,atendi educadamente. Era uma chamada da empresa querendo me passar um recado de cliente. Após eu desligar, voltei ao café, que além de frio , tinha perdido a graça . O dia não se mostrava de bom augúrio e além da chuva atrapalhar meu trabalho , ainda tinha mais essa : número, inexistente ou desligado. Preparava-me para ligar o carro e tirá-lo da garagem quando o celular volta a vibrar. Um sentimento de não sei o que com chateação, tomou conta de mim,ao ver que era o mesmo da vez anterior.Demorei um pouco mas atendi.
Quando achei que iria se repetir tudo outra vez, por pouco não apelei para a ignorância Só não fiz porque ouvi finalmente uma voz ,suave e feminina, dizer:
- Olá meu querido amigo, aqui é a Carmen , tu vais te lembrar em seguida quem eu sou , pois trabalhei contigo no supermercado da Lobo da Costa... Lembras agora?
- Claro que me lembro Carmen! Como poderia esquecer,se fomos bons amigos e companheiros Respondi !
- Pois é,meu querido, eu estou a tempos para te ligar,mas não tinha coragem. Hoje mesmo, eu tentei três vezes, mas não falei , só escutei a tua voz. Acompanho o teu trabalho e assisto teu programa ,estou muito feliz com o que tens feito e quero que saibas também que estou com um problema muito sério. É um câncer . Mas
estou me tratando com radioterapia e quimioterapia, mesmo assim está muito difícil . O motivo maior de ligar-te é para que saibas que não me esqueci de ti e que sempre torci pelo teu sucesso. Quero também te pedir que rezes por mim e me incluas nas tuas orações . Por enquanto é só isso. Adeus querido, nos veremos em breve pois agora tens meu número. Beijos .
- Adeus, querida amiga, e obrigado por teres me ligado. - respondi, agradecido à Deus, por ter-me dado a felicidade daquela ligação. Principalmente por ser de alguém a quem tivera o prazer de conviver e amar,em minha juventude. Carmem foi a irmã mais velha e também uma grande companheira de trabalho. Olhei meu relógio, transferi o número do seu celular para a memória definitiva do meu, liguei o carro e sai para trabalhar.
Ao chegar no escritório central , peguei o jornal que se encontrava em cima da minha escrivaninha e comecei a folhar. Ao ler a página central, não pude acreditar no que estava escrito no rodapé e as lágrimas começaram a queimar minha face e embaçar minha visão, enquanto lia com dificuldade :
Convite para enterro :
“ - Noticiamos com pesar o falecimento da senhora, Carmen S. Silva, cujo sepultamento será realizado amanhã , as 10;00 h, no Cemitério local.A família enlutada antecipa agradecimentos
Não acreditando no que estava lendo, voltei a página inicial,constatando que o jornal era de sábado passado e hoje era segunda-feira . Não poderia ser a mesma Carmen , com quem eu havia falado há pouco. Peguei o aparelho, quase o deixando cair, por estar bastante tremulo e tentei ligar para o número que ela havia me deixado, há poucos minutos.
Voltei a ouvir aquela mensagem fria : Este é um número não existente , ou encontra-se fora da área, ou está desligado.
Foi assim que entendi, o que ‘Chico Xavier’ quer dizer, em uma de suas máximas :
“ O telefone toca sempre de lá pra cá ”
O som do vibracall ,de meu celular, voltou a chamar minha atenção naquela manhã chuvosa de setembro. Eram 7;00 h, e antes que a musica iniciasse a tocar com estardalhaço e acordasse os meus netos, atendi ao chamado :
- Alô?...com quem quer falar? - perguntei sem receber resposta.
- Alô...alô! quem é?...posso ser útil? - insisti.
Em vão, perguntei mais duas vezes, mas o silêncio foi a resposta que obtive, até o aparelho fazer aquele som característico de queda na ligação. Bem, quem ligou, certamente vai ligar novamente. Ou foi engano, e ao ouvir a minha voz, deu-se conta do erro, ou ficou sem sinal. Eu tinha algumas tarefas a serem feitas na parte da manhã e o celular serviu como despertador. Levantei da cama e tratei de arrumar-me,pois o dia seria longo e não poderia perder tempo. Foi nesse exato momento que o vibracall iniciou uma nova sessão de chamada. Em passos rápidos cheguei até ele e assim pude perceber que era o mesmo número que havia me chamado antes. Tudo se repetiu,de forma quase idêntica, a não ser algumas palavras que acrescentei ao monologo, pois do outro lado , quem estava na linha ,ou não queria falar,ou relutava em fazê-lo. A ligação voltou a cair. Intrigado, resolvi ligar para o número gravado na memória e para minha surpresa ouvi a seguinte mensagem automática: “Esse número não existe, ou está desligado ou fora de alcance” Revi o chamado, conferindo a hora ,data e número. Estava tudo certo. Por esse motivo tentei varias vezes e como dava sempre a mesma mensagem,desisti. O tempo, passa sem que percebamos ,e desde a primeira ligação recebida já lá se iam mais de 50 minutos...quase uma hora. Enquanto tomava o café e pensava, os nervos iam ficando à flor da pele ,mas mesmo bastante irritado,atendi educadamente. Era uma chamada da empresa querendo me passar um recado de cliente. Após eu desligar, voltei ao café, que além de frio , tinha perdido a graça . O dia não se mostrava de bom augúrio e além da chuva atrapalhar meu trabalho , ainda tinha mais essa : número, inexistente ou desligado. Preparava-me para ligar o carro e tirá-lo da garagem quando o celular volta a vibrar. Um sentimento de não sei o que com chateação, tomou conta de mim,ao ver que era o mesmo da vez anterior.Demorei um pouco mas atendi.
Quando achei que iria se repetir tudo outra vez, por pouco não apelei para a ignorância Só não fiz porque ouvi finalmente uma voz ,suave e feminina, dizer:
- Olá meu querido amigo, aqui é a Carmen , tu vais te lembrar em seguida quem eu sou , pois trabalhei contigo no supermercado da Lobo da Costa... Lembras agora?
- Claro que me lembro Carmen! Como poderia esquecer,se fomos bons amigos e companheiros Respondi !
- Pois é,meu querido, eu estou a tempos para te ligar,mas não tinha coragem. Hoje mesmo, eu tentei três vezes, mas não falei , só escutei a tua voz. Acompanho o teu trabalho e assisto teu programa ,estou muito feliz com o que tens feito e quero que saibas também que estou com um problema muito sério. É um câncer . Mas
estou me tratando com radioterapia e quimioterapia, mesmo assim está muito difícil . O motivo maior de ligar-te é para que saibas que não me esqueci de ti e que sempre torci pelo teu sucesso. Quero também te pedir que rezes por mim e me incluas nas tuas orações . Por enquanto é só isso. Adeus querido, nos veremos em breve pois agora tens meu número. Beijos .
- Adeus, querida amiga, e obrigado por teres me ligado. - respondi, agradecido à Deus, por ter-me dado a felicidade daquela ligação. Principalmente por ser de alguém a quem tivera o prazer de conviver e amar,em minha juventude. Carmem foi a irmã mais velha e também uma grande companheira de trabalho. Olhei meu relógio, transferi o número do seu celular para a memória definitiva do meu, liguei o carro e sai para trabalhar.
Ao chegar no escritório central , peguei o jornal que se encontrava em cima da minha escrivaninha e comecei a folhar. Ao ler a página central, não pude acreditar no que estava escrito no rodapé e as lágrimas começaram a queimar minha face e embaçar minha visão, enquanto lia com dificuldade :
Convite para enterro :
“ - Noticiamos com pesar o falecimento da senhora, Carmen S. Silva, cujo sepultamento será realizado amanhã , as 10;00 h, no Cemitério local.A família enlutada antecipa agradecimentos
Não acreditando no que estava lendo, voltei a página inicial,constatando que o jornal era de sábado passado e hoje era segunda-feira . Não poderia ser a mesma Carmen , com quem eu havia falado há pouco. Peguei o aparelho, quase o deixando cair, por estar bastante tremulo e tentei ligar para o número que ela havia me deixado, há poucos minutos.
Voltei a ouvir aquela mensagem fria : Este é um número não existente , ou encontra-se fora da área, ou está desligado.
Foi assim que entendi, o que ‘Chico Xavier’ quer dizer, em uma de suas máximas :
“ O telefone toca sempre de lá pra cá ”