A praça vazia

A praça vazia. As pessoas já se foram. Estou só. Moro aqui. Lembro do passado diariamente. De quando eu era alguém. De quando eu era ninguém. Quando as pessoas me falavam o que fazer e eu, bobo, apenas fazia. Mas naquele tempo eu tinha onde me deitar. Agora também. Mas o chão é frio. Lembro-me de ter um chuveiro. Com uma forte e quente ducha. Após o banho de uns trinta minutos, eu me deitava. Macio o travesseiro. Sinto falta de muitas coisas, mas do banho...

Insuperável. Fome, eu não sinto há dois dias. Sede, as latas resolvem. Amigos, nunca os tive completamente, pois ninguém é de ninguém. Agora eles passam, me cumprimentam. Eu aceno. Eles falam de como são felizes. Me oferecem ajuda. Eu nego.

Estou em um dos muitos bancos dessa praça. Olho para um transeunte. Olho para outro. Penso que me falta algo.

Começa a chover. Achuva molha meu corpo. Meus sapatos. Minha meia. Furada. Meu cabelo. Escorre água pelos meus olhos embaçando minha visão. Mas não meus senso autocrítico.

Paro.

Penso.

Agora não me falta nada.

Prima
Enviado por Prima em 11/05/2009
Código do texto: T1588466
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