Era a velha casa de sua infância.

Ele ainda estava lá ... e  só, tinha por companhia - Lembranças acumuladas em seus noventa anos de existência!
O pó cobria os móveis antigos. Nas paredes descascadas as aranhas haviam tecido o tempo que passou...

Tudo estava perfeitamente no devido lugar, como sempre.  As vozes amadas ressoavam em sua memória a canção da eternidade.

A alma inquieta , querendo vencer as barreiras do tempo, voou para bem longe do templo que a abrigava e, ansiosamente, buscou,  em épocas remotas, breves momentos de felicidade...   Vagou por espaços indecifráveis... Sobrevoou desertos solitários de amor, onde os ventos da indiferença sopravam as frias areias do egoísmo, tornando as paragens vazias de compaixão...

Alternando o rumo, a alma , encontrou-se nos picos das montanhas, por entre neves eternas... Avistou lençóis de gelo cortando vales verdejantes banhados por nascentes aquecidas de esperança!

Mas, isatisfeita, a alma mergulhou nas profundezas dos oceanos... - Queria encontrar a eterna idade da vida escondida nos abismos submersos!!!

Depois de tanta procura vã, encarnou o menino que , em todas manhãs - Extasiava-se diante do florido jardim de sua infância, tão distante... 

E... no pequeno paraíso, por entre a multiplicidade de cores e olores, observou as borboletas distribuindo alegria de flor em flor. 
- Sob o encantamento deste revoar de asas - Conseguiu enxergar toda a transitoriedade da vida .
Sobre as pétalas , espalhadas pelo chão, deixou-se ficar.  E... rompendo o seu  casulo corporal -  Como Borboleta - alçou o definitivo vôo rumo à liberdade ...

Quando o encontraram, em seu rosto enrugado, havia Paz, muita Paz ... - No sorriso congelado!!!
Mel Redi
Enviado por Mel Redi em 01/04/2009
Reeditado em 01/04/2009
Código do texto: T1516800