QUANDO ELE DISSE NÃO
 
Era noite. Osvaldo a caminho de casa vinha de mais um dia estafante de serviço. Estava aborrecido com sua condição, com seu salário – apesar de razoável. Sempre achava que precisava de um pouco mais. E o quê você faz para render?, perguntavam-lhe alguns. Nunca dá para fazer nada, respondia. É duro ser pobre.
Assim andava perdido em seus pensamentos, quando um homem chega perto e lhe diz: Você não pode me pagar um lanche? Tenho fome. Osvaldo observou que ele parecia alcoolizado. Por que não pede a quem te deu cachaça? O homem baixou a cabeça e saiu andando.
Chegando à sua casa, comentou com a esposa. Era só o que me faltava, dar dinheiro para vagabundos encher o rabo de cachaça. O que foi? Perguntou-lhe a esposa. Um mendigo fedorento e bêbado acima de tudo, veio com aquele papo furado de pagar um lanche para ele. Sei muito bem o que ele queria. É hoje em dia há espertos para tudo.
Tomou seu banho, jantou, assistiu um pouco do jornal, fora deitar.
 
***
 
Na madrugada, ouvira uma batida na porta. Porém achou que fosse o vento. Como persistia, levantou-se e fora atender. Um homem alto, cabelos branco, de olhar profundo e vestes simples lhe disse: Posso entrar Osvaldo? Quem é você? Como sabe o meu nome? Sei muita mais coisa de antes de você nascer. Aquele momento seu coração gelou. Osvaldo, Osvaldo o que fizeste a mim? Ele nada entendia. Fiz o quê? Esqueceu-se né? Não estou entendo...partiu para cima do velho, quando, de repente, um clarão, que vinha não sabia ele de onde. “Apartai-vos de mim malditos, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos; porque tive fome e não me deste comer; tive sede e não me deste de beber; era forasteiro e não me acolhestes; estava nu e não me vestistes; enfermo e preso e não me visitastes; (...) Em verdade vos digo que, sempre que o deixaste de fazer a um destes pequeninos, deixaste de fazer a mim...” Então o rosto se transforma no mendigo e mais outro clarão e desaparece!
(Mateus 25: 41-46).
 
***
 
NÃO! Osvaldo gritou desesperadamente, acordando sua esposa. O que foi?
Chovia lá fora torrencialmente. Trovões explodiam cm vontade. Relâmpagos cortavam o céu.
O quê aconteceu?
Tive um pesadelo horrível. Sonhei que o mendigo, na verdade era Jesus Cristo.
Ela empalideceu.
Reza, e peça perdão, Ele sempre perdoa.
Ajoelhou-se e rezou um pai-nosso. Pediu perdão. Sentiu-se mais confortado. Adormeceu...
 
***
 
O despertador tocou. Ele levantou-se e via aquele sonho como algo distante – coisa que acontecera há longo tempo. Tomou o seu desjejum. Pegou sua pasta. Beijou sua esposa. Caminhou para o ponto – como de costume. Porém vira algo diferente aquele dia. Uma multidão perto do ponto. Chegou perto para ver o que era e quase desmaia de susto. O homem que lhe pedira o lanche estava morto.
Pobre miserável, diziam. De que será que ele morreu?
Pela cara parece que de fome.
Eu o matei, pensou. Matei-o por causa do meu egotismo, egocentrismo e egoísmo. É Senhor, pensei que você tivesse me perdoado.
Mas eu o perdoei. Ele se assusta quando vê novamente aquele senhor. Só não posso tirar as consequências. E desaparece novamente.
 
Realmente a do peso na consciência...
 
05/02/09
 
 

http://2.bp.blogspot.com/_hG7BH2dcHwk/R6tjPfLLwbI
/AAAAAAAAAJU/_avrTJneOPw/s400/1179379125_esmola_pb.jpg


 
 
Gonçalves Reis
Enviado por Gonçalves Reis em 05/02/2009
Reeditado em 05/02/2009
Código do texto: T1424175
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.