Cheguei em casa, joguei a bolsa sobre a poltrona e me sentei no sofá. Lá fora a noite.
Pensava em Álvaro e no seu triste fim. Assassinado.
    Levantei e me dirigir ao banheiro. Me olhei no espelho.
   A maquiagem desfeita pelas lágrimas. Dor, saudade...arrependimento.

   Lembrava do seu sorriso, das risadas altas, do orgulho enfadonho, da barba mal feita.
    Nunca mais iria vê-lo. Nunca mais! Tempo demais...
    Fui até o quarto e sentei-me na cama.Chorei mais um pouco.
    Vi seus sapatos ainda do lado do criado-mudo. As roupas pelo chão sobre o carpete e seu último bilhete:
 
    “ Não suporto mais viver nesse inferno.
Estou saindo de casa. Vou passar a noite em um hotel.
Não me ligue. Eu não voltarei.
                       Álvaro

    Com o bilhete nas mãos, voltei ao banheiro. Joguei-o no vaso.
E dei a descarga.