O fim do primata Marcelo
Marcelo era um mandril. Vivia no Rio de Janeiro e trabalhava na Polícia Federal. Havia passado num concurso público e desde então estava lotado na Praça Mauá. Era responsável pelo setor de certidões. Um bom símio, embora tivesse um histórico duvidoso.
Ele não era casado, mas tinha uma bela namorada com quem vivia há mais ou menos cinco anos. Ângela era uma bela loura de pernas longas e olhos cor de mogno. Ela queria ter filhos com Marcelo, mas não podia por razões óbvias. Ela era humana e ele não.
Em janeiro de 2009, após muitos dias de calor intenso no verão carioca, choveu por horas em Botafogo, onde ele estava de passagem. Estava no Shopping Rio Sul comprando algumas roupas para uma viagem que faria ao Chile com seus amigos menos peludos. Ele atravessou o túnel para Copacabana a pé, fora abordado por um assaltante e baleado na cabeça. O macaco morreu; mais um macaco vítima da violência na Cidade Maravilhosa.
Nota do autor: Marcelo é literalmente um macaco, um animal, não inventem de procurar cabelo em ovo por gentileza. Este texto não é racista e não é uma crítica à polícia também. Muito obrigado.