Silvester, o pato
Silvester era um pato diferente, muito estranho mesmo, era desastrado, desarrumado, andava de um jeito engraçado, em suma era, amarrecado.
Desde pequenino, sofria as agruras deste amarrecamento, era rejeitado e humilhado por todos os seus pares, não somente pelo seu jeito esquisito, mas também porque sua mãe não era casada, e diziam que, quando nova se envolvera com um marreco da pior espécie, vindo a ser mãe solteira.
E crescendo, as coisas ficaram ainda piores para Silvester, suas características marrecais se acentuaram ainda mais, o deixando cada vez mais isolado de seu grupo, não tinha amigos, não tinha namoradas, e sua própria mãe o rejeitava.
E como não há nada tão ruim que não possa ficar pior, sua mãe arrumara um marido, um velho e influente pato, que a redimiu plenamente perante a sociedade, mas não trouxe salvação para Silvester, somente serviu para ficar privado do único carinho que as vezes tinha.
Silvester foi embora, se foi em busca das coisas boas que diziam haver no mundo, andou por muitas semanas, até que encontrou uma comunidade de marrecos. Puxa! Pensou maravilhado Silvester, aqui vou ser bem aceito.
Mas, ali, também não encontrou qualquer conforto, o acharam estranho, desastrado, desarrumado, em suma o acharam apatetado.
Não agüentando não ter um lugar no mundo, passou a gritar:
- Patos e Marrecos são iguais, temos bicos, penas, andamos e falamos de um jeito engraçado! Fez tanto barulho que atraiu atenção de um caçador, e recebeu um tiro fulminante no peito. Ninguém chorou por Silvester.
É patos e marrecos são diferentes.