Luciana Maria
- Cospe no meu rosto. Ele pediu firmemente, olhando direto nos olhos acizentados de Luciana Maria, mulher franzina, de longos cabelos loiros encaracolados, que não podia imaginar, um pedido mais estranho, ainda mais aquela hora do dia, bem pertinho do horário do almoço.Luciana Maria ainda tinha que dar de comer a seus três filhos ainda eram bem pequenos para se virarem sozinhos. Anda! Cospe no meu rosto. O freguês estava ficando agitado, ainda mais com o olhar parvo que ela lhe dirigia. Luciana escarrou com gosto, atendendo o estranho pedido. Marco Manoel, o freguês, agora com um sorriso infantil, deixou cem reais com luciana, pegou um cigarro do maço, se levantou lentamente, com o rosto estranhamente iluminado abriu a porta do quarto, e a gargalhadas correu nu até a estrada e atirou-se à frente do primeiro bruto que viu, acabou estraçalhado por suas rodas. Luciana Maria, que a tudo viu, após um breve suspiro, levantou-se e foi para casa.
Dois quarto de hora depois, Maria Luciana estava casa, afagou Wellyson Fernando, o mais novo, beijou carinhosamente Beyoncé Cristina, a do meio, e abraçou demoradamente Brithinney Joaquina, e foi tratar de alimentá-los.
A noitinha, pensou em Marco Manoel, um frio súbito percorreu sua espinha, entrou em casa e acendeu uma vela em homenagem ao infeliz. E voltou pra fora, olhou a rua escura e deserta, ouvia-se um cachorro lá longe a latir, e o barulho de um ou outro grilo, olhou pra cima e viu aquela imensidão estrelada, pensou em seus filhos que não tinham pai, e na vila miserável que morava, perdida do mundo, e no seu modo de ganhar o pão de cada dia, seus olhos umedeceram, e pensou alto:
- Que vidinha de merda a minha.