Criaturas de Gelo: segunda parte
Segunda parte
Aconteceu que a noite caia no alto da montanha, onde estava o segredo na mais pura solidão. Dentro de uma cava de pedra, de onde se via umas aves grotescas se arrastarem pelo chão úmido, misturava-se a tudo aquilo uma figura de beleza rara. Pelo visto a vaidade não tinha mais morada naquele corpo-fogo! Então por que tanta precisão? Precisa mais!<...
Entre pedras lisas e refrescadas pela umidade seca da montanha: coberta de uma grama cor d’ouro, ou seria espécie de cereal?, a coisa se camuflava, e desaparecia como o vento que movimenta sem formar figura. O rastro em movimentação não desenha o círculo tão bem contornado da ordem do mundo dos cataventos, é diferente de tudo que se poderia exprimir uma personalidade vazia da carga do segredo, é não mais nem menos que as partículas suaves que um redemoinho as fez girar. E por isso a coisa é presença no mundo, e sua solidão se solidifica junto ao enigma, que nem se sabe estar na montanha, porque parece lá não ter gelo...