O cheiro

Adão, o primeiro dos homens, no desabrochar da existência se deparou com a fresca beleza do paraíso à sua volta ao abrir os olhos. Viu a si próprio em meio a folhagens de todas as espécies logo em seguida ao sopro de Deus nas suas narinas, sopro por meio do qual a vida lhe foi transmitida. Também respirava ele pela primeira vez. E não somente ele, mas o homem, no sentido mais geral da palavra, pela primeira vez respirava, ao mesmo tempo que olhava com olhos virgens um mundo também virgem do olhar. Sabemos, ou imaginamos saber, que tenha visto uma gama enorme de cores e matizes. Mas teria ele sentido algum cheiro? Quem sabe de mato, de fruta, da umidade do orvalho? Se sentiu algum, como ele próprio poderia saber se não possuía lembrança de outros para comparar? O que é diferente do que ocorre às outras pessoas, aquelas para as quais ser da espécie humana já não constitui novidade alguma, que acordam todos os dias e sentem algum cheiro, pois logo são capazes de identificá-lo, mesmo ainda sonolentas. Por exemplo, o cheiro de comida quando acordam ao meio dia; o de café, quando acordam bem cedinho; o de capim, quando estão em fazenda; o do perfume da pessoa próxima, quando são amadas por alguém.

Acácio, depois de uma noite, não de um sono tranqüilo mas de excessos, se levanta de sua cama com o corpo dolorido e com bastante sede. Nada havia de novidade até então, essa não era a primeira vez que acordava sem ainda estar completamente descansado e com o corpo fraco. Mas naqueles primeiros instantes do seu dia um forte cheiro impregnava o quarto. A princípio, não foi capaz nem de adivinhar a natureza daquele cheiro horrível, muito menos de onde vinha, mas não tardou a identificá-lo como sendo de fezes. Levantou-se, saiu em direção à cozinha, bebeu um pouco do café que restava no fundo da garrafa térmica e um copo de água. O dia estava cinzento, e uma fina chuva fria caía do lado de fora, cessando somente para dar lugar a um vento gelado. Ainda não estava totalmente livre de vez da embriaguez da noite anterior, razão pela qual ainda se sentia tonto a qualquer movimento brusco que fazia com a cabeça. E foi para se sentir mais bem disposto que voltou para a cama para tentar descansar mais um pouco. Esqueceu-se do cheiro nesta breve saída para a cozinha, dando-se conta imediatamente quando retornou ao quarto de que o cheiro não apenas era de fezes como de fezes humana, o que o deixou com muito nojo do seu próprio leito. Tentou não dar atenção àquilo, mas o quarto estava de tal forma fedorento que Acácio se sentiu obrigado a ir se deitar em outro lugar. Forças para ir procurar de onde o cheiro vinha faltavam a ele. Foi para o sofá da sala.

Depois de dormir, Acácio sai à rua, embora tenha antes ido ao quarto trocar de roupa, o que o fez perceber que o cheiro continuava forte, mesmo tendo aberto a janela anteriormente. Após ter resolvido algumas coisas que estavam pendentes, pago contas no banco e jogado na loteria como de costume, retorna a sua casa e senta-se na sala para assistir a um pouco de televisão. Desta vez foi lá que sentiu o cheiro ruim, não tão forte quanto antes, mas lá estava ele como se o perseguisse dentro de sua própria casa. Tendo já ido à rua, encontrava-se agora em melhores condições para procurar o foco de onde emanava. Andava pela casa para se certificar quais cômodos fediam, o que não tardou muito a obter a resposta: somente o seu quarto e a sala. Olhou atrás dos móveis, embaixo da mesa, perto da televisão; no quarto, atrás da cama, no tapete... Até que neste último notou o desenho da pegada da sola do sapato perto da entrada. Deitou-se ao chão e, com a cabeça, aproximou o nariz da marca e inspirou com toda a força dos seus pulmões o ar que circundava a superfície do pequeno monte. E não deu outra, era merda pura. Acácio certamente pisou com o sapato e trouxe aquilo para dentro de casa na sola, e o pior de tudo é que agora o cheiro estava também na sala, como há pouco pôde constatar, pois quando chegou de madrugada teve de passar por ela, que se encontra na rota de qualquer um que se encaminha em direção ao quarto. Com um pano úmido, limpou todo o chão do quarto e alguns lugares da sala. Terminando, foi à cozinha novamente para preparar algo de comer. Aquela coisa, por mais trivial que pudesse parecer, havia incomodado aquele solitário morador do apartamento, e teve consciência disso principalmente agora que iria se alimentar.

O dia chegava ao seu fim, as horas passavam regularmente, e na televisão nada de novo que o pudesse entreter. Sentado no sofá da sala, enquanto mudava de canal aleatoriamente com o controle, quase que imperceptivelmente o cheiro que há pouco havia tentado eliminar levemente toca as suas narinas. Inicialmente acreditou ser fruto de sua imaginação, uma vez que a sensibilidade fora muito pouco estimulada. Mas, ao cabo de poucos minutos, o cheiro se confirmou: aumentou de intensidade e se revelou real. A presença do cheiro ficou de tal maneira que Acácio teve de se levantar de onde estava para novamente ir procurar o foco de onde aquela coisa ruim exalava. Voltou aos lugares que anteriormente havia limpado, mas tudo parecia em perfeita ordem e por isso não pôde compreender o porquê de sua presença, que agora estava em todas as partes da casa. Uma luz da inteligência de repente ilumina e esclarece o mistério: “o cheiro me acompanha porque uso o sapato sujo”. Eis a hipótese para o fenômeno. Levanta um pé e olha a sola; levanta o outro e se depara com a confirmação do que antes era apenas uma suspeita. Foi à área da casa, pega no tanque a escova e limpa toda a sola. Obviamente teve de pegar o pano úmido e esfregá-lo novamente por todo o quarto, sala e todos os lugares por onde tinha passado, pois enquanto caminhava para lá e para cá dentro de casa, carimbava de merda o chão. Depois de cumprir as tarefas que o “pequeno” incidente lhe impôs, volta para a cama e dorme.

O sono foi bastante atribulado, acordando diversas vezes durante a noite. Numa delas, levantou a cabeça, olhou em torno de si e viu no contorno dos móveis, que repousavam na mais absoluta inércia, formas que o apavoraram. Não sabia o que exatamente se passava, pois o estado intermediário entre a vigília e o sono normalmente confunde imaginação com realidade, tornando indiscernível o conteúdo da percepção. Mas o espectro da mobília causava-lhe certo pânico. Numa outra vez, acordou e, no escuro, jurou ter sentido o cheiro que no dia anterior tanto lutara para combater. Estaria o cheiro insistindo ou imaginava ele coisas? Quem sabe estava sendo vítima de mais uma nova obsessão? Mas voltou a dormir logo depois. De manhã, assim que abriu os olhos, o cheiro estava lá. Levantou da cama, respirou. Era verdade, o cheiro estava lá, e isso ele pôde distinguir com bastante clareza e nitidez. Como compreender a permanência daquela coisa ruim? Sem tempo para pensar em fazer qualquer outra coisa, a campanhinha toca. Abre a porta, e a sua amiga, antes mesmo de entrar, lhe diz:

— Que cheiro é esse, Acácio?

— Cheiro? Você também tá sentindo?

— Mas é claro!

Não estava louco, o cheiro era uma realidade. Alguém mais além dele também o sentia. Deixando a sua amiga na porta, ele retorna ao quarto para conferir a sola do sapato, pois só podia estar lá a sua origem. Ela o segue.

— Pisei na merda esses dias. Tô desde ontem tentando limpar essa porra mas não consigo.

Vai ao tanque e lava mais uma vez a sola do sapato. Pega um palito de dente e tenta retirar das entranhas da sola os restos da merda. A sua amiga olha com espanto a pressa e a tensão de Acácio em resolver algo relativamente simples como aquilo. Era verdade que Acácio tentara limpar antes, não obtendo sucesso. Mas não tinha tido a idéia de limpar as frestas do sapato, motivo pelo qual o cheiro ainda não havia ido embora por completo. Pôs o sapato na janela para secar, lavou as mãos e comeu alguns biscoitos com a moça antes de sair à rua com ela.

Algumas horas mais tarde ele chega em casa. Vai ao quarto, retira o sapato da janela, cheira a sola e se certifica de que tudo está limpo. Em seguida, põe o sapato de volta ao armário. O resto do dia transcorreu na mais pura normalidade. Os dias seguintes também foram bastante tranquilos e o sono das noites calmos. Numa dessas manhãs ele acorda ao som de pássaros à sua janela, o que era uma exceção, dado o lugar onde morava. A verdade é que ele viveu momentos de profunda tranqüilidade e equilíbrio, momentos de grande satisfação com as coisas, de harmonia com os seus semelhantes e de paz consigo mesmo nos dias que se seguiram. A sua inteligência nunca antes funcionara tão bem e, por isso mesmo, nunca aproveitara tanto as aulas e obtido verdadeiros deleites com elas. Tudo fazia sentido. O final de semana ia se aproximando e os planos do que faria já estavam sendo delineados em sua cabeça. Talvez fosse viajar para um lugar a poucas horas de onde morava, embora também tivesse recebido um convite de ir a um churrasco. Foi para o churrasco, pois era mais perto e, por isso, dava menos trabalho. Bebeu, comeu, conversou, riu, brincou, flertou aos montes etc. Quão grandes foram os benefícios para o seu espírito aquela tarde! A princípio, o cheiro era agora história passada, e parecia que dele Acácio estava livre de vez por não restar nem mais a sua lembrança.

Mas nada é como parece ser. Nunca! Na madrugada de segunda para terça, com grandes dificuldades para dormir, sem mais nem menos os episódios da semana anterior, como as tentativas de extirpar o cheiro, o pano que teve de passar no chão, o sapato no tanque, depois no sol, enfim, a sua luta contra aquele mal que lhe incomodou até a alma, voltavam na forma de lembranças permeando as horas atuais. O seu pensamento achou-se preso num movimento circular e rotatório em que momentos de outrora fragmentavam aquela tão preciosa noite que deveria ser aproveitada para a tranquilidade do sono. Tentou em seguida recapitular nos seus pormenores os detalhes da noite que antecedeu a manhã que acordou e sentiu o cheiro pela primeira vez. De fato aquela tinha sido uma noite de grandes ousadias. Das outras vezes que saíra à noite e se perdido nas suas sombras, o que vez por outra ele se atrevia a se permitir, o que acontecia nos dias seguintes não passava de uma dificuldade em se reconhecer no espelho. A imagem refletida parecia ser a de um estranho, o que era pavoroso. Mas desta vez, ao olhar para si através da superfície, nenhum problema com a sua própria imagem: lá estava ela, ainda era sua, as linhas e os contornos de composição não estavam nem soltas nem informes. Mas eis a dúvida: teria sido então o cheiro a conseqüência, quem sabe espiritual ou moral, da noite ou terá sido um simples azar de pisar no lugar errado? Talvez Acácio tivesse pisado na bosta de algum mendigo que sem dúvida nenhuma passou a semana inteira às gargalhadas só imaginando o esforço de algum desconhecido babaca e azarento tentando em vão se livrar da merda de quem come coisa podre. E conclui:

— O mendigo cagou na minha cabeça — soa a sua voz no interior do quarto escuro —, e ele sabe que cagou na cabeça de alguém que despreza tipos como o dele, que tem vontade de vomitar só de olhá-los. Cagou a minha casa e agora ri disso, bêbado, em algum canto da vida.

A idéia de que pedaços de excremento de algum mendigo embriagado de loucura eram absorvidos por um orifício de seu corpo situado bem no centro do seu rosto, parte sua que mais valorizava, e que quanto a isso nada podia fazer, para ele era o fim da picada. Acácio comia o lixo daquele homem com o nariz; se usasse a boca para respirar, comeria com a boca as fezes de um cu que nunca viu de perto as águas límpidas da privava; e se ele não respirasse (quem sabe essa era uma alternativa), morreria. “Mendigo filho da puta!” E continuou com o monólogo, em voz alta, no meio da noite, onde todo o seu fascismo ganhou vida na forma de um discurso, que, enquanto era proferido, acompanhava as micro alterações da luz produzidas pelo movimento do nascer do novo dia:

— Merda de quem é merda fede sempre mais, é o lixo do lixo, o excremento de quem já é excremento, e justamente esse indivíduo que tem mais em comum com uma coisa do que com gente me cagou por de baixo, pelo meu sapato, a sua ruína atravessando a minha sola e manchando o que restava de comum entre mim e Deus, o pouco que dele ainda há em mim, e com a centelha divina está fazendo um curto circuito com os piores infernos etc. etc. etc. (E nesse tom ele prossegiu.)

Naquela manhã, exausto, Acácio atesta um dos fatos mais desagradáveis pelos quais, em todos os seus anos de vida, passou: ele ainda não tinha se livrado do cheiro. E não era só isso, ele estava ainda mais intenso, presente agora em todos os cômodos da casa e qualitativamente diferente (para muito, muito pior). O cheiro, durante toda a noite, metamorfoseara-se em um outro de outra espécie, tendo agora forte semelhança com o de podridão. Depois de se vestir às pressas, correu à rua para sair daquele lugar, agora estranho por causa do cheiro. Ledo engano. Percebeu que a rua, assim que colocou os pés na calçada, também estava impregnada com o cheiro. Corre para a esquina, mas nada dele diminuir. Ventava muito e o dia estava sem cor. “Terá sido isso uma nuvem cósmica que agora abraça todo o planeta?”, pensa. QMas qando abriu a boca para dar trégua ao sentido do olfato, o mal se desfez imediatamente, rompendo através desse simples gesto o fluxo normal dos eventos à sua volta. Usando agora essa alternativa para respirar, era como se retirasse a si próprio da seqüência causal das coisas e se colocado no exterior do mundo, ocupando um plano inverossímil, cuja característica é ser menos real por ter um sentido a menos construção do espaço, pois desse outro plano o cheiro estava ausente. Este recurso era como quando em dias de tumulto e confusão tapamos os ouvidos e passamos a ver a rua, os carros e as pessoas de uma maneira exteriorizada, como se os visse através de uma tela de televisão sem o som, como se os visse com olhos surdos, sem envolvimento algum com nada nem ninguém. À sua esquerda, uma senhora entrava em casa com algumas sacolas na mão. Ele a conhecia da vizinhança, já cruzara com ela pela redondeza em outras ocasiões, o que o encorajou a ir perguntar sobre o cheiro. Como a rua toda fedia, e não só a sua casa, concluiu ele precipitando um certo alívio que nada mais tinha a ver com aquilo, sendo o fedor um incidente qualquer, culpa de algum morador descuidado de suas obrigações em relação aos seus detritos domésticos, culpa da prefeitura, do governo, enfim, de qualquer um.

— Cheiro? Que cheiro? Não sinto nada. — Responde a velha.

Enquanto respondia, com o nariz provava o ar para se certificar se havia ou não algum cheiro que lhe chamasse a atenção.

Acácio achou aquilo estranho. Ora, uma pessoa daquela idade devia ter um nariz já inútil, sem sensibilidade, com a mucosa interna já gasta pelo tempo. Mas enquanto se despedia com um certo olhar de repulsa (Acácio não gostava muito dos velhos), a mulher lhe diz:

— Uma ferida dessas é preciso ser tratada, hein!

Ferida?

— Ferida? — Responde. — Que ferida?

— Essa daí que você tem embaixo do nariz. Cuidado, está cheia de pus, pode escorrer para a boca.

Acácio volta correndo para casa depois de ter posto a mão na região do seu rosto entre a boca e o nariz e sentir grande dor. Parecia estar bastante machucado aquele local. Em casa, quando se olhou no espelho, deparou-se com uma grande ferida aberta, tão feia que até parecia um segundo lábio babando pelo canto um pus amarelo gema. Antes de se espantar com aquilo em seu rosto, espantou-se consigo próprio por não ter percebido nem sentido nada desde cedo. Mas a visão lhe revelava também uma outra verdade: agora o cheiro vinha dali.

O odor doravante originava-se daquele ponto preciso, situado logo abaixo de seu nariz, e para onde ele fosse o foco daquilo que já se tornava uma grande tragédia o acompanhava, tal qual um amigo chato ou um parceiro fiel. No exame da chaga frente ao espelho, notou que a coisa vinha de dentro dele, como que se libertando da casca da pele. Separou o que iria precisar para fazer o curativo, mas não sem antes pedir ajuda. Os amigos foram à sua casa, dentre eles um médico. Todos olhavam para ele com certo espanto, pois não se sabia da gravidade daquilo, se era algum tipo pouco conhecido de doença, motivo pelo qual nem todos se aproximavam muito dele. Num raio de um metro e meio ao redor do enfermo o cheiro de podridão era forte, muito forte. Mas estas boas almas, com o carinho que lhes era de costume, se compadeceram do mal que infligia o pobre do Acácio e não economizavam nas tentativas de aliviar a sua dor: faziam-lhe companhia, ajudavam nos afazeres domésticos, cozinhavam a sua comida etc. E assim decorreu toda aquela semana: ele de cama — pois, além disso tudo, também se sentia febril —, o cheiro forte exalando de seu rosto e a ferida que nem melhorava nem piorava de aspecto.

O rosto se deformara um pouco. Mas a capacidade de raciocínio de Acácio de maneira alguma estava afetada. Não só estava intacta como andava até muito ligeira na busca de uma solução para o seu mal. Junto a isso, também refletia ele acerca de suas causas. Teria sido o discurso que há algumas noites, na solidão do quarto escuro, proferira em alto e bom som? Esse primeiro pensamento engendrou um segundo, o de que só considerou como causa da ferida aquelas palavras porque se sentia mal pelas coisas que tinha dito. Afinal, o que poderia haver entre o que proclamara para si na solidão e a úlcera brotada recentemente no meio de seu rosto? Era forte a idéia de que existia uma conexão entre a merda no sapato e a sua ferida, pois o cheiro de ambas só se diferenciava em grau, sendo que o desta última era mais forte e bastante semelhante ao de podridão. Em decorrência dessa insistência, o odor agora estava visceralmente penetrado em seu corpo, saindo de dentro de Acácio e como que borrifando em todas as direções o perfume do Hades. Tais reflexões perpassavam pela cabeça do pobre rapaz com a velocidade de sua ansiedade. Tinha consciência do absurdo desta explicação, mas a realidade dos últimos acontecimentos sofridos por ele também era absurda: é justa toda explicação absurda a fatos absurdos. Perguntava-se: "terei gozado demais? Terei gozado de um gozo mortal?”. Chegou até mesmo a pensar que talvez nunca nem mesmo tivesse pisado em bosta alguma. Pensava isso em relação à noite que precedeu a primeira manhã do cheiro. Recapitulava obsessivamente cada detalhe dos instantes vividos: os encontros e os desencontros, as coisas que viu, o que absorveu do que flutuava a sua volta sob o mágico efeito do entorpecimento especialmente erótico, quem sabe o adiantamento do retorno da plenitude do paraíso que nunca se chegou a ter. Eis o que tais excessos (como os daquela noite, motivados pelo mesmo santo espírito do livro de Atos da Bíblia profana) lhe permitiam o alcance.

(Este conto está incompleto e terá a sua continuação numa segunda parte)

BHChads
Enviado por BHChads em 26/09/2008
Reeditado em 23/02/2009
Código do texto: T1197026
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.