A MORTE E O TEMPO


Ela encontrava-se diante do altar.
Aguardava sem pressa alguém chegar.
Usava vestido negro com grinaldas negras.
Aguardava sem ansiedade uma cerimônia de casamento.
De repente, chega um homem ainda jovem.

Já próximo do altar o homem pergunta:

_ Por quê você me escolheu?
_ Todos tem sua hora comigo um dia...
_ Mas não desejo me casar contigo.
Tentava o homem argumentar.
_ Todos sem distinção a mim virão.


_ Como o meu irmão o morte chama...
Deixou a frase no ar para melhor observar
o seu interlocutor e prosseguiu dizendo:
_ O morte aguarda as almas femeninas...
eu, entretando adoro as masculinas.

_ Jamais imaginei que fosse chegar esse dia.
Falou o homem com certa revolta.
_ A maioria jamais reflete ou pensa...

_ Aproxime-se logo porque o bom padre
deseja dar-lhe a extrema unção...

Viu o homem alguém no meio do altar
.
Estava vestindo batina negra e sorrindo.
_ Quem é ele?Perguntou a seguir.
_ O reverendo é quem dá a extrema unção
para eu depois cobrir todos com a mortalha
de meus envolventes braços negros
e assim todos ficam casados comigo eternamente.

_ Quem disse que direi diante dele o sim?
Perguntou o homem ainda relutando.
_ Não é necessário tais palavras diante do altar.
_ Entenda, essa é a morte e o tempo...
_ É o tempo de todos casarem comigo.
Falou a eterna noiva das almas.

A seguir colocou no dedo do homem aliânça
confeccionada toda de ouro negro.