Então a senhora perguntou:
- Meninas! Como é a cabra que lá está?
Nós respondemos é a cabra do costume
A senhora com um “ar estranho” na face pergunta:
- Digam-me a cor da cabra que ficou no curral.
E nós pacientemente lá descrevemos a cabra.
Com um ar de grande espanto a senhora diz:
- Meninas! Então essa não era a cabra, o que lá ficou hoje é um bode…
Eu fiquei admiradíssima (sabia que o bode era o marido da cabra, e nada mais…) a Isabel ria-se e só dizia:
- Ah! Não demos por nada
E lá continuamos rumo a casa.
No dia seguinte para nosso espanto, à tardinha (quando os homens se encostavam um pouco à sombra na porta da mercearia e na eira) ao passarmos só ouvíamos risadinhas e vozes altas que diziam:
- Mé…mé…mé…nem meio mé…hás-de dar leite para o café!
Isto foi o resultado fantástico de termos tentado “tirar” leite a um bode, que nós pensávamos ser uma cabra!!!
Durante o resto daquelas férias fomos o “gozo” daquela pacata gente, meninas de Lisboa que nem sabiam distinguir um bode de uma cabra.
Meus amigos não me perguntem como fizemos aquilo, tínhamos as duas 16 anos, para mim, o que eu tentei espremer para “tirar” o leite era o úbere de uma cabra, ainda há 3 semanas (após todos estes anos passados) falei via telefone com a Isabel e ela disse-me que na altura também pensou que o animal era uma cabra.
Também me convidou a ir lá a Macieira do Sul com ela o marido e os filhos (hoje já todos casados os dela e o meu), pois contou-me que ainda existem algumas pessoas (daquele tempo) já com muita idade e que sempre que a vêem perguntam por mim e acabam sempre a conversa assim:
- Mé…mé…mé…nem meio mé…hás-de dar leite para o café
Foram umas férias inesquecíveis, esta história é verídica, jamais a esquecerei e como até hoje nunca mais estive perto de uma cabra/bode penso que o mais provável era acontecer-me isto de novo, rsrsrsrsrsrs
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Susana Custódio
Sintra, 12 de JUlho de 2008