Era uma vez... - Parte 4
“Era uma vez uma mente que não suportava mentiras e que não mentia por não saber mentir. Omitia, assim como omitem as mais criteriosas mentes, aquilo que deveria omitir. O menino de passos desengonçados e tristes não mentia nem omitia, pois não sabia o que é mentir ou omitir, aliás, ele parecia que não sabia de nada. Suas palavras jamais saíram de sua boca, o que não o colocava como um menino que falava somente a verdade, pois a verdade, segundo o menino de passos desengonçados e tristes jamais seria falada, pois o menino de passos desengonçados e tristes nunca falou nem a verdade nem a mentira, aliás, o menino de passos desengonçados e tristes nunca falou coisa alguma. Algumas pessoas mais próximas do menino de passos desengonçados e tristes diziam que entendiam o que ele resmungava, o que não demonstrava coisa alguma em relação à verdade ou à mentira. Doutor Joseph Guillottin também não mentiu ao rei sobre a sua invenção. Quanto teria sido o preço pago pelo rei de França ao doutor Joseph Guillottin por esse aparelho”?