Era uma vez... - Parte 2
“Era uma vez um sacristão que era devoto de Nossa Senhora do Patrocínio. Não gostava de algumas atitudes de certas crianças, não porque eram crianças, mas por ser maltratado por algumas daquelas crianças, que se imaginavam adultas quando maltratavam aquele pobre infeliz, mas apenas crianças sem o devido respeito”.
“Era uma vez um bando de crianças hostis, e não eram assim devido à educação que lhes deram seus pais, não, mas por serem crianças que aprendiam a ser mal educadas na escola da rua – claro está que algumas eram hostis por serem mal educadas por seus pais. Zombavam sempre que podiam de um sacristão meio-bobo que era devoto de Nossa Senhora do Patrocínio. Aos domingos, quando iam à missa, seus pais sempre cumprimentavam o tal meio-bobo com saudações católicas, portanto, misericordiosas. A missa aos domingos era freqüentada pelas famílias mais nobres da cidade. Não que o sacristão meio-bobo agendava para os domingos essa missa para os mais nobres, não, ele não se importava com a classe social dos católicos”.
“Era uma vez uma sociedade cheia de pudor e de filhos mal educados. O sacristão meio-bobo não gostava dessas crianças mal educadas, que viviam atazanando a sua vida com brincadeiras impróprias e sem graça, contudo não era ele que designava o lugar dos acentos dos freqüentadores das missas de domingo. Os adultos não ensinavam seus filhos a zombar do sacristão meio-bobo, porém, aqueles pestinhas faziam do sacristão meio-bobo um perfeito bobo. O padre sabia dessas zombarias, mas não repreendia aquelas pestinhas mal educadas, pois os pais desses pestinhas mal educadas faziam parte da nobreza da cidade e enchiam os cofres da igreja com donativos generosos – embora o padre conhecesse detalhadamente a passagem da viúva pobre no santo evangelho, o que caracterizava que esses tais donativos generosos feitos pelos nobres da cidade, não eram tão generosos assim como pareciam”.
“Era uma vez um sacristão meio-bobo que não gostava dos filhos dos freqüentadores das missas de domingo. O padre não era mal educado, mas também nunca educara filho algum, pois era padre e, como todos sabemos, não se casam, consequentemente, não têm filhos – isso não é uma verdade absoluta, já que não é necessário o matrimônio para que humanos tenham filhos, e, mesmo sem o devido reconhecimento, existem padres que são pais de crianças supostamente sem pais ”.