SORTE... ela existe... pode apostar...

(essa estória é real...e é apenas um resumo do que aconteceu...)

Deu uma olhada no relógio... Duas da manhã... Como pegar no sono se aquela idéia obsessiva não lhe saísse da cabeça? Também, pudera... só tinha mais 2 dias... Apenas 2 dias para achar o Dr.Reinaldo...e ele, naquele momento, era a chave para sua aposentadoria.

Explico: Dr.Reinaldo era o dono de uma pequena empresa de publicidade onde ela havia trabalhado por dois anos... O funcionário do INSS fora bastante claro: a tal empresa não existia mais.

- " Mas eu trabalhei nela... olha aqui.. está na carteira de trabalho...

e há trinta anos eu não sei do paradeiro desse homem..."

- " Não adianta, a senhora tem que ter pelo menos uma carta do dono da empresa garantindo que a senhora trabalhou lá nessa período... O próximo, por favor..."

Bem, àquela altura dos acontecimentos, Beth já tinha feito uma varredura em velhos documentos, tentou pela internet achar colegas daquela época e nada... Conseguiu entrar em contato com um jornalista que havia trabalhado na empresa, mas pouco adiantou... e o pior, ele garantia ter ouvido de alguém que o tal Dr.Reinaldo já havia falecido...

Morava em Teresópolis e naquela manhã, desanimada, resolveu visitar a mãe que morava no Rio. A mãe, como de costume, a recebeu na porta com um beijo e um pedido.

-" Beth, preciso ir ao Banco tirar um dinheiro, pode ir comigo, minha filha?"

-" Claro, mãe..."

O Banco era bem próximo dali. Assim que retirou o dinheiro, acompanhou-a até a porta do edifício em que morava. Lembrou-se de que precisava pagar uma conta em outro Banco, do lado oposto da rua. Pediu então que a mãe subisse, atravessou a rua e foi efetuar o pagamento.

Como não era cliente do Banco e não era idosa, teria que enfrentar uma grande fila. Pensou em desistir, virou-se para a porta de saída e...

por um segundo julgou que a obsessão tivesse dado lugar à loucura.

Não, não podia acreditar no que via... Dr.Reinaldo... em carne e osso...!!! O tempo parecia não ter passado pra ele...a mesma cara de padre, segurando do mesmo jeito a maleta... só faltava ser a mesma maleta... Pensou com seus botões : Elvis não morreu... e o Dr.Reinaldo também não...!!!

Tão absolutamente eufórica estava que pulou na frente dele de braços abertos e olhos arregalados. O que ela não poderia imaginar é que ele estivesse trazendo consigo grande quantia em espécie para a entrada da compra de um apartamento . Julgando que estivesse sendo vítima de um golpe ou simples assalto, começou a gritar por socorro agarrado à maleta. Desnecessário dizer que todas as atenções voltaram-se para a cena...

Beth demorou um bocado para se explicar aos seguranças e ser reconhecida pelo ex-chefe...

Finalmente, conseguiu a tal carta, levou-a como troféu ao incrédulo funcionário do INSS, olhando-o com desdém, comprovou o tempo de serviço, aposentou-se, mas até hoje leva um tempo enorme trancada no banheiro, olhando-se no espelho...

-" Não pensei que eu tivesse mudado tanto..."

Belinda Tiengo
Enviado por Belinda Tiengo em 09/07/2008
Reeditado em 27/01/2010
Código do texto: T1072433
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