Cecille

Naquele momento eu senti a Tristeza consumindo meu espírito, o frio congelando minhas poucas lágrimas, a forte neblina cegando meus olhos negros assim como o céu daquela noite.

Avistei em meio a penumbra um enorme castelo, em uma das inúmeras janelas havia uma Senhora debruçada, admirando o suntuoso luar.

Em suas mãos, uma rosa murcha transparecendo todo o seu sofrimento, me aproximei da janela dela, gotas de sangue caiam da rosa sobre minha pálida face. De repente vi-me seguindo-a por um caminho desconhecido, ela entrava em um esplendoroso cemitério, de longe eu a espiava; ela deitava em um túmulo, certamente um sepulcro caiado... Em meio a toda aquela bruma, ouvi sua bela voz entoando um verso que dizia:

“Oh! Caçador de ilusões

Vinde a mim, tua doce Cecília.

Só em mim podes encontrar

O que tanto anseias”

Aquela voz angelical chamava a mim, e, hipnotizado, fui ao seu encontro; suas vestes negras resplandeciam, e por um gélido beijo fui tomado. A bela Senhora, que havia se transformado em uma jovem donzela, acariciava-me e fechava seus olhos, de forma suava, naquele lugar infestado de folhas secas (...) Tentei salvá-la, mas ela já não estava lá, jazia em outro lugar, morrera.

O único momento de amor que foi concedido a mim, desfazia-se em amargura e tristeza, à minha eterna solidão retornei, sem esperanças de reencontrar a bela senhora ou a jovem donzela outra vez (...)

(01/06/05 – Quarta-Feira)