A Madrasta da Mãe
A Madrasta da Mãe
Berenice observou ao longe o amante brincando com o filho amorosamente.Sabia da paixão que Francisco nutria pelo filho único.Filho dele e uma mulher muito talentosa de quem havia se separado.Sabia que ele ainda estava preso à ligação antiga e voltaria para a mulher se ela quisesse, se sentia raivosa e enciumada pelo fato.Notou, quando ele ergueu o menino para cima e o beijou o amor pelo filho de Mariana,a primeira mulher.Traçou então seu plano de ação.
Mulher inescrupulosa que era, nada a detinha quando desejava alguma coisa e desejava Francisco,mas Mariana,a mãe, se interpunha entre os dois através desta criança.Não fez o que fez por amor ,não!
Resolveu que de forma persistente e perseverante,meticulosa mesmo, iria separar este filho da mãe ..Assim ganharia Francisco de maneira total, e por sua posição social fato que também pesou.Posição esta conseguida tirando partido e proveito dos pais de Mariana,muito bem sucedidos econômica e socialmente na época.Ele não tinha nada,nem amigos,nem sucesso profissional.Tinha uma face bonita,é certo.
Nunca foi a uma Academia de ginástica como pedia Mariana.
Berenice não era mulher dada à expressões de afeto,sequer afetiva e,na época só nutria ódio,inveja e mesquinharia para com a mãe de Paulo,a qual,possuia amigos e uma alta posição na sua empresa,além de ser muito bem remunerada.Berenice,então, se transformou, e hipócritamente, tornou se amorosa para com Paulo:fazia todas as suas vontades,o seduzia nos fins de semana quando devia ficar com a mãe, com as propostas mais encantadoras.
Quando o menino dizia eu não vou fazer isto ou aquilo porque a mãe não gosta,dizia lhe:-Tu,Paulinho fazes o quiseres,não dá bola para esta mulher!
E ao longo dos anos, ela seguiu implacável em seu propósito detestável ou seja,revoltar Paulo contra a mãe.Conquistou a amizade da criança às custas de lhe fazer todas as vontades e,quando ele foi morar com ela ,por dificuldades econômicas de Mariana,usou esta relação de amizade para o acionar,revoltar e o afastar da mãe.A criança contava um ano e meio na época em que ela começou seu "trabalho".
Sete anos depois o pai de Mariana,adoeceu de um mal incurável e para que o filho não convivesse com a doença ,Mariana,muito tristemente, deixou o menino morar com o novo casal.Agiu assim para proteger a saúde mental do filho, e porque sabia que passaria um fim de semana, outro não com ela ,mais os trinta dias de férias .No momento,não contava com a incrível maldade de Berenice. Telefonava todos os dias,entretanto,e uma mesma voz de mulher,aparentemente suave dizia sempre que ele não estava.Ela ,insidiosamente, "fazia a cabeça do gurí" dizendo a ele que faria o que quisesse e se não queria ,não precisava passar os fins de semana ¨naquela casa "doentia".A mesma casa onde Paulo ganhou todo o amor dos avós e da mãe.
Cercou o de amiguinhos parentes seus,fazia festas sem motivo e acabou lhe dissipando os escrúpulos dizendo :
- Porque vais para aquela casa onde só tem doença,fica conosco no fim de semana e nas férias?E Paulo começou a fazer o que ela dizia,havia ainda o desinteresse do pai de que eles se reaproximassem ,de maneira que Mariana ficou vinte anos sem ver nem ouvir o filho.
Paulo começou a se distanciar da mãe pouco a pouco.Primeiro usava desculpas para não ir a ver, e, finalmente ,acabou por usar as palavras e razões de Berenice, dizendo que ia se tivesse vontade,pois fazia o que queria.
As duas mulheres não tinham diálogo, mas Mariana sabia o que se passava e via desesperada seu filho se distanciar dela.Suspeitava do lema de Berenice e Francisco no que se referia a"ele quer,ele não quer".Limites não eram impostos à criança.
Chegou o dia em que Francisco, um homem muito egoísta ,agora já apaixonado pela amante e que queria o filho só para si, concordou com as manobras dela e começou a lhe apoiar.Para horror de Mariana o filho não aparecia mais nos fins de semana e férias.
Finalmente ,Francisco e Beatriz cortaram totalmente o contato pelo telefone,que nunca se fez pois era ela sempre que atendia,controladoramente, os telefonemas,e Paulo domesticado já desde a infância, os obedeceu não falando mais com a mãe.Irônicamente quem lhe deu seu primeiro carro foi o avô!
O plano ou os cálculos de Berenice então se concretizaram e chegou o dia em que Paulo nunca mais apareceu ou falou com a mãe.
Mariana se sentia como se tivesse uma faca espetada no coração que sangrava de dor tanto pela separação do filho ,como pela má orientação que lhe deram, sem limites e sem obrigações.Paulo ,não tinha obrigações com a mãe,de a ver ou de lhe dar uma palavra de confôrto pela doença de seu avô e,após sua avó
Reviu o filho já homem, vinte anos passados,realizado profissionalmente, mas o tempo os havia separado pois o casal,de maneira vingativa os afastaram.
Entretanto,Mariana lutou,dia a dia,e reconquistou o filho já homem feito ,e só aí ele percebeu o mal que lhe haviam feito, e tentou se aproximar mais da mãe, depois de vinte anos de separação.Mas,a verdade,os fatos cruéis que precederam esta tentativa de reaproximação,ele não quis saber,não quis ouvir,sequer ter uma conversa sincera com a mãe sobre o passado,aceitou.
Então Berenice era a madrasta no sentido que popularmente, usualmente ,se chama,mas a madrasta da mãe.
Paulo,por influencia de Berenice,tratava a mãe com desvalorização,
brutalmente,seguindo sempre os parâmetros ensinados pela madrasta que,por ciúmes,raiva,inveja e mesquinharia, não se aplacaram com o tempo,sequer com a sua própria maternidade. Conseguiu,finalmente,o que queria:separar o filho da mãe legítima e sobretudo a fazer sangrar de dor ao lembrar o filho,da criança querida que era ao homem revoltado e ruim para a mãe.A batalha,para Berenice estava ganha,em cima do sofrimento de outra mulher e das mudanças profundas no psiquismo do filho.
Recentemente ,Paulo ganhou duas viajens de tres meses para a Europa desde que cortasse os vínculos definitivos com "aquela
mulher",como o casal a chamava,e assim o fez.
Então esta madrasta,porque existem muitas boas madrastas,era a madrasta má da mãe,de Mariana, que,ao cabo e final, se recuperou,adotando uma criança. Seguem os dois se falando mais por uma questão social.Afinal,"fica muito chato"não se dar com a mãe.