Jeremy Madison I - Sedento por sangue

Paris - 1805

Jeremy Madison, aos doze anos de idade, já sabia bem o que eram o ódio e o sofrimento. Era o filho do peixeiro da cidade, e era também esnobado por quase todas as crianças bonitas e ricas de Paris. Quando se enfezava acabava esbofeteando um moleque, e apanhava em casa. Seu pai, – que era um maldito filho da puta – sempre arrumava motivo para bater em Jeremy; afinal, tinha que descontar em alguém a sua decepção diária por ser um falido. Sua mãe era prostituta, e achava que ele não sabia o que era isso, mas ele sempre foi um garoto esperto. Seu pai também sabia disso, embora fingisse que não, porque sabia que com aquela miséria que ganhava na banca de peixe, não dava para sustentar nem uma família de ratos. Jeremy tinha esperanças de que fosse filho de um daquela dezena de homens que iam lá quase que diariamente.

Jeremy sofria também de uma doença maldita, que para ele, era a pior do mundo. Insuficiência renal crônica. Quem o cuidava era padre Frank Pierre, que fazia suas transfusões de sangue semanais. Jeremy sabia que ir para o quarto do sacerdote não fazia parte do tratamento. Ele odiava o padre, mas nada fazia porque precisava dele; ele era o único em toda a paris que sabia fazer a transfusão. Ele adoraria não precisar daquele maldito sangue para sobreviver.

O tempo foi passando, e seu ódio aumentando; tanto pelo pai, quanto pelo sacerdote. Além de apanhar diariamente do pai, ainda fora obrigado a trabalhar na maldita banca de peixe. Sua mãe era a única que lhe dava carinho, lhe afagava e indagava sobre sua vida.

Certo dia, seu pai tentou lhe bater, mas ele segurou sua mão, e virou-a, mostrando ter mais força que o pai.

– Não dessa vez, velho maldito! – Berrou ele.

Seu pai se enfureceu, e olhou-o o com o olhar mais odioso que possuía. Subiu as escadas com passos firmes e pesados, que ecoavam por toda a casa. Jeremy o observou subir, e logo depois ouviu gritos de sua mãe, e barulho, e gemidos de dor. Subiu as escadas rapidamente, e lá chegando viu seu pai espancando sua mãe e batendo com sua cabeça na parede pesadamente. Ao ver isso, Jeremy o empurrou contra a parede e deu-lhe um murro na cara. Viu seu pai sacar uma faca. Não tinha medo. Agora o ódio tomava conta dele, partiu para cima do pai, e sentiu uma estocada abaixo da cintura no lado direito. Sentiu o sangue quente escorrendo em sua perna.

– De nada vai me fazer falta, esse sangue é amaldiçoado. – E dizendo isso partiu para cima do pai, empurrou-o contra a parede, e enfiou a faca por completo no pescoço do pai. Fazendo isso, o sangue espirrou em sua face, e quando escorreu por sua boca, sentiu o doce gosto do sangue. Um gosto que lhe excitava e saciava.

Derek Mendonça
Enviado por Derek Mendonça em 15/04/2008
Código do texto: T946171
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