A Fuga (Continuação de: "O Lobo")
Estava escondido novamente, como a muito tempo fazia.
Eu não me entendia, mas também, não queria entender.
Tinha medo desse meu lado e por isso fugia.
Desde o assalto que eu vivia como um viajante.
Parava um tempo numa cidade, trabalhava,
e quando as pessoas começavam a me conhecer, ia embora.
Não queria vinculos, apesar de sentir essa solidão desesperante.
Cheguei aqui ontem
É uma cidade no sopé da montanha... perto de uma floresta
Lugar tranquilo...
Tinha arrumado um emprego como lenhador, e por isso vim.
Apesar da minha infancia e adolescencia de nerd, tinha musculos fortes.
E bastante força!
O emprego fornecia uma cabana isolada perto do rio.
Pela primeira vez, achei o lugar fácil de ficar.
Só precisava ir na cidade uma vez por mês, pra comprar mantimentos.
Penso se algum dia vou encontrar algum lugar a que eu pertença.
Alguém que possa me entender?
...
Noite clara...
A lua ilumina a floresta... o riacho...
Meu sono fica difícil...
Acordo, suando frio novamente!
De novo o mesmo sonho! O lobo branco... os olhos amarelos...
Escuto então os uivos vindos da montanha!
Olho pela janela e vejo à distância
Um lobo negro a uivar para a lua cheia.
Essa imagem me enche de medo e de poder!
Sensação estranha, como um chamado intimo
Alguma coisa o faz virar a cabeça
Como se de alguma forma estivessemos sintonizados
Nossos olhares se encontram...
Outros uivos surjem na escuridão...
O lobo que me encarava, desvia o olhar... uiva em resposta, e volta para a floresta
Fico olhando pela janela...
Tentando entender o que tinha acontecido.
Mas estava por demais temeroso para aceitar!
...
Os dias passam...
Chego em casa de um dia de trabalho árduo, e vejo que os mantimentos acabram!
Tomo uma ducha fria e pego a pick-up
Chego da mercearia na cidade, compro os mantimentos...
Cruzo na porta com um homem que está entrando na loja... cabelo preto, de uns 40 anos, forte, me passa a sensação de autoridade.
Tenho uma sensação de deja-vu
Me volto para olha-lo, ele me encara, sorri, e fala: - Oi olhos claros.
- Já nos vimos antes?
Ele sorri novamente... - Sim. Vi você no dia que chegou aqui na cidade, gosto de ver os estranhos que chegam na minha cidade.
- Não me lembro...
- Lembra sim! Engraçado... Você me lembra seu pai. Mesmos olhos, mesma agonia!
- Meu pai??? Sabe quem eu sou?
- Claro criança. A questão está em saber se você sabe quem é.