O Lobo

Nunca conheci meu pai.

Minha mãe era uma mulher triste, que ainda chorava o amor do meu pai que tinha morrido antes de eu nascer

Viviamos sozinhos, numa casinha perto da cidade.

Fui uma criança complicada.

Considerada como diferente.

Nunca entendi minhas raivas súbitas, minhas brincadeiras violentas,

ou algumas coisas que eu sentia de vez em quando.

Era quieto, um solitário, como se não estivesse a vontade onde estava.

Eu mesmo não entendia meus motivos.

Mas foi na adolescência que tudo piorou...

Foi quando minha natureza começou a se revelar

E eu vim a descobrir o que eu era!

Sempre na puberdade, foi o que os antigos me disseram, tanto tempo depois.

Eu tinha 15 anos quando aconteceu

Vinha caminhando do colégio pra casa

já era noite, porque eu tinha ficado estudando até tarde

Seguia atento, já que tinha havido assaltos na região

e ao mesmo tempo eufórico, porque era a primeira vez que eu me aventurava a essa hora sozinho

Estava andando quando notei que depois da curva, o caminho ficou escuro

O próximo poste estava apagado.

Estranho!

Parei.

Tentei escutar os ruídos...

Silêncio.

Todos meus sentidos estavam alertas.

Escutei um barulho de galhos sendo pisados.

Ao mesmo tempo que queria correr, uma força interna a mim, dizia pra eu ficar parado.

Esperando para dár o bote.

Quando o primeiro bandido me atacou, ferindo minhas costas com uma faca, tudo apagou...

A partir daí, só me lembro de flashes!

Cenas em vermelho

Um lobo branco

Dentes

Rostos pálidos de medo

Carne sendo rasgada

Brilho de facas

Sangue

Dor

Escuridão

Nada

Acordei com as sirenes da ambulância e um médico me levantando para me colocar numa maca

Eu sentia minhas costas arderem, meus braços arranhados...

Eu não estava entendendo nada

Era como se aquilo não estivesse acontecendo comigo

Tinha sangue em todos os lados

3 corpos cobertos com lençóis perto da ambulância

Minha mãe estava perto de mim, chorando,...

Olhei pra ela num pedido mudo de ajuda

O que tinha acontecido ali?