A MALDIÇÃO DO FANTASMA - Parte V - O Desenrolar dos Acontecimentos
A partir daquele dia nossa vida se modificou totalmente. A marca das mãos foi desaparecendo, mas dores horríveis me acompanhavam sempre no lugar onde ela batera. Parecia que haviam jogado ácido em minhas costas. Fui acometida por uma depressão que aumentava dia a dia. Telefonemas intrigaram o Reitor com o amor de minha vida. Ele deixou de ser o Coordenador do Departamento de Filosofia. Telefonemas anônimos o infernizavam, dizendo-lhe que, se me quisesse viva, deveria deixar-me! Ele não entendia o que se passava. Eu sabia, mas não queria incomodá-lo mais. Adoeci de tal forma que tive que deixar de lecionar na Faculdade. Cada vez mais deprimida, tinha longos períodos de ausência: os médicos disseram que seria uma doença nova, pois não era Alzhaimer. Um novo Plano Econômico do Governo, trancou os valores das Cadernetas de Poupança e congelou os salários dos professores. As prestações da casa ficaram atrasadas; foi necessário escolher um local menor e mais longe para morar. A Editora onde meu amado editava seus livros incendiou e ele não recebia o pagamento que lhe era devido. Continuava com seu amor paciente para comigo, mas não era o mesmo homem dos olhos sorridentes e sorriso largo... Eu fui ficando na cama, levantava um pouco durante o dia, mas era um espectro dentro de nossa casa. Muitas vezes não conseguia nem reconhecê-lo. Fui esquecendo todas as coisas... Não tinha consciência do que se passava ao meu redor. Nem no mundo exterior nem dentro de casa. Até que uma noite, ela apareceu... e não me deixou mais...Era ela!!...Ela!!...
(continua)
[NOTA: Quaisquer semelhanças com fatos ou pessoas, mortas ou vivas, são mera coincidência.]