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Admirável mundo velho

Há um ditado, provecto, que diz mais ou menos o seguinte: Quando tudo muda, é para permanecer o mesmo. Algo assim. Desde a aurora deste regime que suas forças antagônicas operam para lhe legitimar, por mais incoerente que isso pareça. Isso já foi exaustivamente denunciado por aqueles e aquelas que sempre entenderam a natureza da organização e tentaram deixar bem claro como atuar dentro de um jogo onde o árbitro torce para o time mais forte é um jogo perdido. Mas, como os atores principais das forças opostas nunca tiverem um compromisso teórico com suas práticas, o estabelecido historicamente como motor social e pauta econômica garante sua legitimidade e expande seus valores a medida que essa História avança no tempo.

Eis o que temos. Eis o que precisamos de ultraje para agitar e publicizar. Eis o que temos que enfrentar, ou o cio da cadela vai acelerar sua gravidez e o que sairá de seu ventre aprofundará o que já está apodrecido entre nós.

Comentários

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Elias dos Santos há 2 meses

Prezado MementoMori, seu texto ressoa como uma reflexão afiada e profundamente crítica sobre as estruturas que sustentam o status quo. A força da sua escrita está na maneira como você entrelaça filosofia, política e literatura em uma narrativa densa e inquietante, que provoca o leitor a enxergar além das aparências e questionar a lógica por trás da aparente mudança. A citação inicial — um eco da máxima lampedusiana de que “tudo deve mudar para que tudo permaneça igual” — já posiciona o leitor dentro de um cenário de ciclos históricos viciados, onde as forças que deveriam se opor ao sistema, paradoxalmente, acabam por legitimá-lo. Sua argumentação não apenas expõe essa contradição, mas a disseca com precisão cirúrgica, expondo a falta de um compromisso teórico real por parte dos opositores do regime que critica. A metáfora final do cio da cadela e da gravidez acelerada é um dos pontos altos do texto, não apenas pela contundência da imagem, mas pelo impacto simbólico que carrega. Seu uso da linguagem é visceral e evocativo, remetendo a uma urgência quase profética, um chamado à consciência antes que seja tarde demais. Além da densidade temática, sua prosa se destaca pelo ritmo bem controlado, pela escolha de palavras certeira e pelo tom quase oracular que permeia o texto. Há algo de uma poesia sombria em sua abordagem, um senso de tragédia iminente que lembra os grandes críticos do poder ao longo da história. Seu texto não apenas denuncia, mas exige resposta. Parabéns pela potência da sua escrita e pela forma como sua voz se impõe com elegância e força. Saudações.