🔥 Nos Portões do Inferno #4 - Chamada de Emergência #2🩸

🔥Capítulo 1🔥

🩸Chamada de Emergência #2🩸

IV

Cerca de duas horas depois, os Cartago estavam a bordo, rumo ao Brasil. Muriel contatou algumas autoridades que lhe deviam favores, garantindo que as armas e outros artefatos seguissem sem problemas na bagagem. O voo transcorreu sem imprevistos e, ao chegarem em Congonhas, São Paulo, a família fez uma conexão para Cuiabá, no Mato Grosso.

Após desembarcarem, ainda levaram cerca de quarenta e cinco minutos para encontrar um carro que acomodasse toda a bagagem. Leonardo, familiarizado com o caminho, assumiu a direção, já sabendo onde ficava o antiquário de Raiane.

V

Quase sete horas após a ligação de Hugo, um SUV estacionou em frente a um pet shop no bairro São João Del Rei. Os Cartago desembarcaram e, do outro lado da rua, avistaram o antiquário. As vidraças estavam estilhaçadas, uma faixa policial cercava a frente e, junto ao meio fio, uma viatura da polícia militar estava estacionada.

Leonardo atravessou a rua apressado. Quando se aproximou, as portas da viatura se abriram e dois policiais com cara de poucos amigos desceram de lá. O restante da família chegava logo atrás.

— Somos parentes — informou Leonora ajeitando os óculos antes que os policiais pudessem perguntar qualquer coisa.

Leonardo se esforçava para enxergar o interior da loja. A última a chegar foi Muriel. Seus passos marcados pelas batidas da bengala no asfalto. Um dos policiais pediu para ver alguma identificação.

— Cadê minha neta? — inquiriu Muriel em um tom tão contundente que os policiais não ousaram questionar mais nada. Eles começaram a relatar o que acreditavam ter ocorrido.

De acordo com os policiais, eles foram acionados pelos vizinhos durante a madrugada, que relataram a presença de vários carros de luxo estacionados em frente ao antiquário, dando a impressão de que algo estava prestes a acontecer. Quando chegaram ao local, não encontraram nenhum carro, o antiquário estava revirado e Raiane foi encontrada caída no chão, bastante machucada. Acionaram o SAMU e ela foi levada ao Hospital Municipal de Cuiabá, onde, segundo eles, devia estar até aquele momento.

— Onde fica a base de vocês? — perguntou Leonardo, com um tom direto.

— A três quadras daqui — informou um dos policiais.

— E vocês vieram assim que receberam o chamado?

— No mesmo instante.

— E como é que um monte de carro sumiu tão rápido da rua?

— É o que estamos tentando descobrir — disse o outro policial, dando de ombros.

— Entendi — murmurou Leonardo, se aproximando mais dos policiais. — Deixa eu te perguntar outra coisa.

O policial se aproximou também. Sem aviso, Leonardo tirou do bolso uma ampola de água benta e a estilhaçou na face do policial, que caiu no chão, grunhindo de dor. O restante da família observava, apreensiva. O outro policial ficou sem ação, analisando a cena. Então, fumaça começou a subir do rosto do policial caído, que os encarou com olhos completamente vermelhos.

Daniel se adiantou para enfrentar o outro policial, mas o homem saiu disparado, desaparecendo em uma das ruas adjacentes.

— Ajudem — gritou alguém de uma das casas próximas. — Estão atacando a polícia!

Sirenes começaram a se aproximar. Provavelmente algum vizinho já havia alertado a base militar. O policial possuído sorria, exibindo um olhar de deboche enquanto observava os Cartago. Daniel e Leonardo ajudaram Muriel a chegar rapidamente ao carro. Antes que as outras viaturas chegassem, já haviam partido, deixando a cena caótica para trás.

VI

— Maravilha, Leo — disse Daniel do banco detrás, o tom sarcástico evidente. — Sempre impulsivo.

— E se ele não estivesse possuído? — indagou Beatriz.

— Eu senti o cheiro de longe, mãe — defendeu-se Leonardo. — E tava na cara que estavam mentindo.

— É, mas agora todo mundo sabe em que carro estamos e qual a nossa cara. Não vamos conseguir analisar o antiquário. Não agora, pelo menos — objetou Leonora, com sua habitual calma estratégica.

— Relaxa, tia. Vamos achar o hospital e depois eu volto com o Dan. A gente dá um jeito de entrar — disse Leonardo tentando manter a confiança.

— Com certeza não vai ter só uma viatura da próxima vez que vocês voltarem — alertou Eilson, sempre observador.

— A gente dá um jeito — respondeu Leonardo ao primo, sem desviar a atenção da estrada.

— Foi esse tipo de atitude que tirou a vida de muitos Cartago — disse Muriel, o olhar firme. — Vê se se controla, rapaz!

— Já disse que vou dar um jeito, Vó — murmurou Leonardo entre os dentes, a frustração evidente, mas sem querer abrir mais uma discussão.

VII

Encontraram o hospital municipal e o adentraram em um tropel. Na recepção, informaram o nome de Raiane. A atendente confirmou que ela realmente estava lá, mas informou que apenas duas pessoas poderiam vê-la por vez.

— Eu vou! — disse Leonardo, com firmeza. — Quem vai comigo?

Muriel olhou para Beatriz e, com um gesto silencioso, assentiu. Assim, mãe e filho seguiram para o local designado. O que a recepcionista não havia mencionado e que os pegou de surpresa foi que Raiane estava em coma.

Leonardo correu até a cama de sua irmã, chamando a atenção de uma enfermeira que, rapidamente, o alertou para ter cuidado. Raiane estava com a cabeça enfaixada, várias escoriações pelo corpo e uma expressão de dor profunda no rosto. Beatriz aproximou-se, os olhos marejados. Uma expressão de raiva rasgou o semblante de Leonardo.

— O que foi? — indagou Beatriz, preocupada com a reação do filho.

— Olha — disse Leonardo, apontando para a pulseira de berloques de Raiane sobre o criado-mudo, junto com outros pertences. — Eu dei isso pra ela. Lembro que ela encantou e consagrou todos esses pingentes. Tá faltando uma phurba aqui.

— Uma phurba? Quer dizer que... — Beatriz se interrompeu, compreendendo a implicação.

— Provavelmente ela fez um exorcismo. Mas porque usar a phurba? — indagou Leonardo, em voz baixa, pensando em todas as possibilidades.

— Talvez ela não soubesse contra o que estava lutando, usou a phurba para ter certeza de que iria funcionar.

Beatriz chamou a enfermeira, pedindo mais informações sobre os danos que a filha havia sofrido. A enfermeira relatou que Raiane havia chegado desacordada. Os hematomas e escoriações indicavam que ela fora espancada. Duas costelas quebradas, uma perna fraturada e, provavelmente, um golpe na nuca a deixou inconsciente. Tudo o que podiam fazer agora era esperar.

Leonardo e Beatriz voltaram à recepção, onde aguardaram o restante da família. Após todos os Cartago visitarem o quarto de Raiane, se reuniram no estacionamento, tentando se proteger do sol implacável de Cuiabá da melhor maneira possível.

— Precisamos de uma estratégia. Coloquem suas ideias — decretou Muriel, tomando a liderança.

— Vou voltar ao antiquário e ver o que descubro. Daniel vem comigo? — disse Leonardo, e o irmão assentiu.

— Eu posso tentar localizar o tal amigo de Raiane que ligou pro Leonardo. Ele deu algum endereço? — indagou Eilson.

— Só o primeiro nome: Hugo — informou Leonardo.

Eilson retirou o smartphone do bolso, fazendo Leonardo revirar os olhos.

— Isso pode ser útil — justificou Eilson, ignorando o desdém do primo.

— Se a Raiane está em coma, podemos tentar acessá-la — disse Leonora, pensativa.

— Necromancia? — indagou Beatriz, com uma expressão que misturava curiosidade e receio.

— Talvez, provavelmente ela está no território de passagem. Podemos tentar algum ritual de acesso. Quem sabe conseguimos guiá-la de volta.

— Eu acesso — disse Muriel, com a mesma firmeza de sempre. — Vocês fazem o ritual, e eu acesso.

— Mas mãe... — começou Beatriz preocupada.

— Eu sou a mais velha — bufou Muriel, cortando a fala de Beatriz. — Não vai ser grande perda se eu não conseguir voltar.

— Não fala assim, mãe! — censurou Beatriz, a voz falhando com a emoção.

— Está decidido — disse Muriel, já começando a se afastar. — Mexam-se!

Continua...🕯️

Raphael Rodrigo Oficial
Enviado por Raphael Rodrigo Oficial em 02/04/2025
Código do texto: T8300417
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