A Noite das Três Luas
A Noite das Três Luas
A vila de Elverdal, na Noruega, era pequena demais para aparecer nos mapas modernos.
Um lugar silencioso, onde o tempo parecia estagnado.
Até a noite em que três luas surgiram no céu.
Astrid Vik, uma estudante de astrofísica que visitava seus avós, foi a primeira a notar.
A princípio, achou que era uma ilusão.
Mas não.
Além da lua habitual, duas outras esferas prateadas pairavam no céu.
Elas não estavam lá antes.
E não deveriam estar ali agora.
Os habitantes da vila saíram às ruas em silêncio.
Ninguém falava.
Ninguém perguntava.
Porque todos se lembravam.
Essa não era a primeira vez que as luas haviam aparecido.
E na última vez… ninguém sobreviveu para contar a história.
Astrid sentiu o chão vibrar.
Não um terremoto.
Mas algo acordando.
A superfície das luas se moveu, como se fossem olhos de um ser adormecido.
E, então, as sombras começaram a se alongar.
Não como reflexos normais.
Mas esticando-se na direção das luas, puxadas por uma força invisível.
As sombras dos moradores se desprendiam deles.
Erguendo-se do chão.
Eram perfeitas. Idênticas.
Mas agora olhavam de volta.
Astrid correu.
Mas a estrada não terminava.
O céu girava ao contrário.
E cada porta que ela abria… a levava de volta para a mesma rua.
A vila não era mais real.
Era um eco.
Um reflexo de algo que já havia acontecido.
E estava acontecendo de novo.
Na manhã seguinte, Elverdal não existia mais.
Onde antes havia uma vila, agora havia apenas uma clareira vazia.
Sem casas.
Sem ruas.
Sem pegadas.
E, no céu, apenas uma lua.
Como se as outras nunca tivessem estado ali.
Mas, para aqueles que olhassem de perto…
As sombras das árvores pareciam um pouco erradas.
E, à noite, pareciam se mover sozinhas.