O chamado do poço

O Chamado do Poço

Cardoso I.

Na pequena vila de Yamagata, cercada por florestas escuras e montanhas enevoadas, havia um poço antigo no meio de um campo abandonado. Os mais velhos sussurravam histórias sobre ele: diziam que, à meia-noite, uma voz sussurrava o nome daqueles que passavam por perto. Quem ouvisse seu nome... desaparecia.

Haru, um jovem de dezessete anos, nunca acreditou nessas histórias. Para ele, eram apenas superstições para assustar crianças. Mas naquela noite de outono, voltando para casa após um dia de pesca, algo estranho aconteceu. Enquanto cruzava o campo abandonado, um vento frio soprou, e ele sentiu um arrepio na espinha. Então, ouviu.

"Haru..."

A voz era fraca, quase um sussurro, vinda do poço.

Ele parou, congelado. O coração martelava no peito. Tentou convencer a si mesmo de que era o vento ou sua imaginação pregando peças. Mas então, a voz repetiu, mais clara desta vez.

"Haru... estou esperando..."

Curioso e aterrorizado, ele se aproximou do poço e espiou dentro. O breu era absoluto. Nenhuma luz alcançava o fundo. Foi então que algo se moveu lá dentro.

Duas mãos brancas e magras saíram da escuridão, agarrando a borda do poço. Unhas compridas, quebradas, arranharam a pedra. Os dedos se ergueram devagar, e então ele viu um rosto.

Pálido, de olhos fundos e vazios, a boca se contorcendo em um sorriso macabro.

Antes que pudesse reagir, um braço esquelético agarrou seu pulso e puxou. Haru gritou, lutou, tentou se soltar, mas a força era sobre-humana. O poço o sugava para dentro, e seu corpo deslizou sobre a borda.

A última coisa que viu antes de ser engolido pela escuridão foi a lua no céu, distante, inalcançável.

Na manhã seguinte, o campo estava silencioso. O poço parecia o mesmo de sempre, exceto por uma única coisa.

Se alguém se aproximasse o suficiente, ouviria um sussurro vindo do fundo:

"Haru... estou esperando..."

Ivonoel cardoso
Enviado por Ivonoel cardoso em 16/03/2025
Código do texto: T8286600
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