O Sorriso na Tempestade
O Sorriso na Tempestade
O Navio Mercante Aurora cruzava o Atlântico Norte quando a tempestade surgiu.
Não havia previsão de mau tempo. Nenhuma nuvem no radar.
Mas, de repente, o céu ficou negro.
O mar se agitou.
E, no meio das ondas, algo sorriu para eles.
O primeiro a ver foi o marinheiro Ortega.
Ele apontou para a água, gritando.
Os outros correram para a amurada.
No horizonte, entre relâmpagos, algo brilhava.
Luzes… não, dentes.
Uma linha curva de brilho fosforescente, se abrindo no próprio oceano.
Um sorriso enorme, largo demais.
Sem olhos.
Sem rosto.
Apenas dentes emergindo das ondas.
O rádio começou a falhar.
Os ponteiros das bússolas giraram sem parar.
A tempestade não avançava.
O navio parecia preso no mesmo ponto do oceano, como se algo segurasse a água ao redor deles.
E, então, a voz veio.
Baixa. Vibrante.
Ecoando do mar inteiro.
— “ENTREM.”
O capitão ordenou um recuo imediato.
Mas as ondas começaram a subir ao redor do navio.
Como mãos fechando um punho.
Os relâmpagos não iluminavam mais nada.
A escuridão não era da noite.
Era um buraco.
E, dentro dele, algo esperava com os dentes abertos.
O último chamado de emergência registrado do Aurora foi apenas um sussurro estático:
— “O mar está sorrindo.”
Depois disso…
Nada mais.
O navio nunca foi encontrado.
Mas, às vezes, pescadores no Atlântico dizem ver algo no horizonte.
Entre as ondas…
Uma curva brilhante.
Branca.
Cheia de dentes.
E esperando alguém olhar por muito tempo.