A Cidade Que Aparecia no Céu
A Cidade Que Aparecia no Céu
No dia 3 de outubro, os moradores de Coldwater olharam para cima e viram outra cidade pairando sobre a deles.
Era como um reflexo, mas errado—prédios inclinados em ângulos impossíveis, ruas que terminavam abruptamente no vazio, torres que pareciam se esticar como se ainda estivessem crescendo. Nenhuma estrela era visível, apenas aquele outro lugar, suspenso no céu como um cadáver boiando na água.
E então as luzes da cidade começaram a piscar no mesmo ritmo dos corações das pessoas abaixo.
No começo, tentaram explicações racionais. Um fenômeno ótico? Um espelhamento atmosférico? Mas os cientistas que vieram estudar o caso começaram a desaparecer.
O primeiro, Dr. William Haynes, sumiu no meio de uma transmissão ao vivo. Estava descrevendo os padrões geométricos impossíveis da cidade quando sua voz falhou. Por um segundo, sua imagem na tela se distorceu—e, então, ele estava lá em cima.
Todos viram.
Seu corpo, suspenso na cidade-reflexo, olhando para baixo, mas sem olhos.
E então, um a um, outros começaram a sumir.
Sarah Whitmore, uma jornalista local, percebeu o padrão: as pessoas desapareciam sempre que olhavam para determinados prédios. Estruturas que não existiam em Coldwater real, mas que pairavam na cidade acima.
Ela parou de olhar para cima. Mas então, às 03:33 da madrugada, bateram em sua porta.
Quando abriu, não havia ninguém.
Mas no vidro da janela, um reflexo errado sorria de volta.
No dia 17 de outubro, a cidade no céu chegou mais perto.
Agora, era possível ver as ruas, os postes tremeluzindo com luzes alienígenas.
E então eles começaram a descer.
Primeiro como sombras, contornos humanos sem rosto andando pelas calçadas de Coldwater. Depois, como cópias. Pessoas que se pareciam com os desaparecidos, mas que não piscavam e não respiravam.
Sarah soube que não havia mais fuga.
Na última noite, antes de desaparecer, escreveu uma única mensagem em seu caderno:
— A cidade não é um reflexo.
— Somos nós que estamos na cidade errada.