Os Homens que Voltaram de Marte
Os Homens que Voltaram de Marte
O primeiro erro foi acreditar que havia algo para ser encontrado.
A humanidade, embriagada por sua sede insaciável de conhecimento, comemorou quando a missão Ares VII pousou em Marte e transmitiu suas primeiras imagens em alta definição. A poeira avermelhada, as dunas sem fim, os vales escarpados — tudo parecia desolado, inóspito. Nada além de rocha e vento, proclamaram os cientistas.
Mas então, eles encontraram a estrutura.
Enterrada sob metros de sedimentos antigos, um bloco de pedra negra, perfeitamente polido, sem marcas de erosão. Tinha ângulos impossíveis — cada cientista que tentava medi-los chegava a um número diferente, como se as leis da geometria se recusassem a reger aquele objeto.
A transmissão cortou abruptamente no décimo terceiro dia.
Seis meses depois, a NASA anunciou que a tripulação da Ares VII havia retornado com sucesso à Terra.
Mas havia um problema.
Eles não falavam. Não respondiam perguntas, não reagiam à luz ou som. Apenas estavam ali, sentados, respirando. Exames médicos mostravam que estavam vivos, mas seus cérebros não mostravam atividade elétrica. Nenhum pensamento. Nenhuma consciência.
E, mesmo assim, eles se moviam.
Primeiro, à noite. Pequenos deslocamentos dentro dos quartos do centro de pesquisa. Depois, padrões estranhos começaram a surgir. Eles não se comunicavam, mas estavam sempre no mesmo local a cada amanhecer, posicionados em ângulos específicos que desafiavam qualquer lógica.
Então um deles desapareceu.
Os seguranças juravam que ninguém havia entrado ou saído. As câmeras de vigilância mostraram apenas um instante de estática. Quando a imagem voltou, havia um a menos.
No dia seguinte, outro sumiu.
Os cientistas começaram a enlouquecer. A estrutura que trouxeram de Marte vibrava em frequências que nenhum instrumento conseguia captar. Os pesquisadores que se aproximavam falavam palavras sem sentido, frases em línguas desconhecidas, olhos arregalados, pele suando gelo.
Na última noite, restavam apenas dois astronautas.
As câmeras captaram um detalhe perturbador. Os olhos deles, que antes pareciam vazios, agora brilhavam. Um brilho fraco, estranho, como se houvesse algo dentro, observando.
Então, a transmissão caiu.
Na manhã seguinte, o centro de pesquisa estava vazio. Nenhuma pessoa, nenhum sinal de luta. Apenas os corredores desertos, e a estrutura negra de Marte, agora coberta por símbolos que ninguém jamais vira antes.
Dias depois, o primeiro satélite detectou as mesmas marcas na superfície da Lua. Elas não estavam lá antes.
Elas estavam esperando.