As Estátuas de Carne
As Estátuas de Carne
A praça era nova. Construída no centro da cidade para comemorar seus 200 anos.
No meio dela, erguia-se uma escultura estranha: um grupo de cinco figuras humanas, esculpidas em pedra escura, olhando para cima com expressões de horror.
O autor da obra era desconhecido.
E ninguém sabia dizer quando, exatamente, a estátua foi instalada.
Raul, um estudante de fotografia, decidiu documentar a escultura. Havia algo inquietante nela.
As formas eram realistas demais.
Os olhos pareciam vivos.
E, quanto mais fotos tirava, mais notava algo errado.
Em cada imagem, os rostos pareciam um pouco diferentes.
No dia seguinte, voltou à praça.
Mas agora havia seis figuras.
Ele teve certeza de que eram cinco antes. Olhou suas fotos antigas. Contou de novo. Algo estava errado.
A nova estátua estava meio voltada para trás, como se ainda estivesse se juntando ao grupo.
Seu rosto estava deformado. Como se estivesse... gritando.
Naquela noite, Raul teve um pesadelo.
Sonhou que estava paralisado no meio da praça. Algo frio e invisível cobria seu corpo, endurecendo sua pele, prendendo sua respiração.
Ao seu redor, pessoas estavam congeladas no mesmo terror absoluto.
E, no fundo de sua mente, uma voz ecoou:
— Mais um.
Acordou com a sensação de que algo o observava.
Mas o quarto estava vazio.
No outro dia, voltou à praça.
Havia sete estátuas agora.
E a última tinha algo familiar.
O rosto.
O nariz torto.
Os olhos arregalados.
Era o segurança do prédio ao lado. Um homem que ele via todas as manhãs, que sempre o cumprimentava.
Mas, agora, era pedra.
Raul tentou avisar as pessoas, mas ninguém parecia notar. A praça sempre esteve ali, diziam. As estátuas sempre foram assim.
Então, ele olhou a última foto que tirou.
E seu sangue gelou.
Porque, bem atrás das figuras congeladas, já havia um espaço vazio esperando por ele.