A CASA DA SERRA DA ARATANHA
No sopé da Serra da Aratanha, em Pacatuba, ergue-se uma casa centenária, outrora um sítio cheio de vida, agora envolta por árvores mortas e um silêncio pesado. A casa, de paredes rachadas e telhado desmoronado, parece sussurrar histórias antigas para quem se atreve a se aproximar. Bem em frente à entrada, onde um dia houve um jardim, existe um pequeno cemitério particular, onde alguns membros da família que ali viveu foram enterrados. As lápides, desgastadas pelo tempo, mal revelam os nomes dos que ali descansam.
Os herdeiros da propriedade, temendo invasões, contrataram um vigilante para cuidar do local. Seu nome era Stênio, um homem simples, de poucas palavras, mas de coragem conhecida. No entanto, após algumas noites na casa, Stênio começou a relatar coisas que deixavam até os mais céticos de cabelo em pé.
Ele contava que, ao anoitecer, os ventos que desciam da serra traziam murmúrios que não pareciam humanos. Vultos se moviam entre as árvores mortas, e sombras dançavam nas janelas da casa, como se alguém estivesse observando de dentro. Mas o mais perturbador eram os sons que vinham do cemitério. Stênio jurava ouvir passos lentos e arrastados, como se algo ou alguém estivesse se levantando das sepulturas.
Uma noite, Stênio desapareceu. Quando o encontraram, estava sentado no degrau da casa, os olhos vidrados, balbuciando palavras desconexas. Ele repetia uma frase: "Eles não gostam de intrusos." Desde então, ninguém mais se ofereceu para trabalhar como vigilante naquela casa.