A Luz Entre as Árvores

A Luz Entre as Árvores

Ninguém visitava a floresta de Hollowpine desde 1897. Não desde que os lenhadores da companhia Holbrook desapareceram sem deixar rastros. Diziam que suas cabanas foram encontradas vazias, as portas escancaradas, os pratos ainda sobre as mesas, e um cheiro de ozônio impregnando o ar.

Era o tipo de história que encantava Henry Ashford, um pesquisador obcecado por fenômenos inexplicáveis. Quando encontrou um mapa antigo indicando a localização do antigo acampamento, decidiu que precisava vê-lo com seus próprios olhos.

A trilha era estreita, os galhos secos rangendo sob seus pés. O sol se punha quando ele viu as cabanas — meras carcaças de madeira enegrecida, engolidas pela vegetação. Mas então, algo mais chamou sua atenção.

Lá dentro, no coração da floresta, uma luz pulsava entre as árvores.

Era uma luz errática, como se a própria escuridão respirasse em lampejos azulados. Não vinha de nenhuma lanterna ou fogo. Ashford seguiu adiante, ignorando o aviso primitivo em sua mente, até que a clareira se abriu diante dele.

Ali, no centro, um círculo de pedras antigas cercava um buraco no solo. E a luz saía dali, oscilando como se houvesse algo vivo dentro.

Ashford olhou para dentro.

O chão abaixo não era um chão. Não era terra, nem pedra, nem raízes. Era… pele. Carne pulsante, negra como o espaço entre as estrelas. E então abriu-se.

A luz saiu não como um brilho, mas como um véu, uma cortina translúcida que se ergueu e o envolveu. Ashford não sentiu dor quando sua pele começou a se dissolver em motes de poeira branca. Mas ele viu.

Viu através do tempo e do espaço. Viu Hollowpine como era antes dos homens, quando coisas sem nome caminhavam ali, quando a terra sussurrava palavras que nunca deveriam ser faladas. Viu que a luz não iluminava… **ela alimentava**.

E antes que pudesse gritar, antes que pudesse sequer compreender sua própria destruição, Ashford foi sugado para dentro do buraco.

Na manhã seguinte, a floresta estava silenciosa. Nenhuma trilha de passos. Nenhum vestígio de Henry Ashford. Apenas um novo brilho tênue entre as árvores, piscando como uma estrela morta.

Esperando pelo próximo.

(Eduardo Andrade)
Enviado por (Eduardo Andrade) em 03/03/2025
Código do texto: T8276511
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2025. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.