O Homem que Caiu do Céu
O Homem que Caiu do Céu
Choveu por três dias sem trégua. Uma chuva grossa, oleosa, que grudava na pele e no vidro das janelas. No terceiro dia, algo caiu do céu.
A polícia isolou a área no centro de Ravenshire. Um homem jazia no meio da rua, ileso, a pele branca como cera, os olhos abertos e fixos em algo além da compreensão humana. Ele não respirava, não piscava, não reagia à luz ou ao toque.
Mas estava vivo.
Testes médicos não revelaram batimentos cardíacos nem fluxo sanguíneo. Seus pulmões não se moviam, e seu corpo não mostrava sinais de envelhecimento. Ele era um ser humano **preservado no tempo**, como se tivesse sido cuspido por algo muito além da atmosfera.
No hospital, ficou em uma sala isolada, médicos sussurrando teorias absurdas. Até que, às 3h12 da madrugada, **ele se sentou**.
A câmera de segurança capturou tudo. Sem um espasmo de transição, sem um único movimento de preparação, ele simplesmente **mudou de estado**, deitado para sentado, em um instante impossível.
E então, falou.
— **Quantos ciclos se passaram?**
A voz não veio de sua boca. Veio de dentro da cabeça de todos que estavam no prédio. Médicos e enfermeiros começaram a sangrar pelo nariz, olhos arregalados em puro terror.
Ele levantou-se e olhou para suas próprias mãos, como se as visse pela primeira vez.
— **Eu me lembro. Eu vi. Eu estive lá.**
Um dos médicos perguntou: “Lá onde?”
O homem que caiu do céu sorriu. Um sorriso sem emoção, sem humanidade, sem alma.
— **Onde o tempo morre. Onde o que rasteja entre as estrelas se alimenta da luz dos mundos.**
As lâmpadas piscaram e explodiram. A gravação ficou cheia de estática.
Quando os guardas conseguiram entrar, encontraram apenas um **buraco circular no chão**, queimado até a fundação do prédio.
O homem que caiu do céu não estava mais lá.
E o céu, lá fora, estava completamente sem estrelas.