O Homem Que Escrevia o Futuro

O Homem Que Escrevia o Futuro

Ninguém sabia há quanto tempo o senhor Adler vivia na casa da colina. Ele estava lá antes das ruas serem asfaltadas, antes dos postes de luz, antes mesmo do nome da cidade existir nos mapas. Sempre velho, sempre sentado à sua escrivaninha diante da janela, escrevendo.

"Ele nunca sai," diziam as crianças. "Nunca dorme."

Certa noite, Elias, um jornalista recém-chegado, decidiu entrevistá-lo. Subiu a colina sob uma lua pálida, sentindo um vento que não deveria existir em uma noite sem brisa. A porta estava aberta.

Dentro, o ar era pesado, úmido como um porão esquecido. Pilhas de cadernos preenchiam cada canto, cobrindo paredes e chão. Adler o aguardava, os dedos manchados de tinta.

"Você quer saber o que escrevo?" Sua voz era seca, como páginas virando sozinhas. "O que está por vir."

Ele entregou um caderno a Elias. A tinta ainda secava na última página. **"O Jornalista lê seu próprio fim. A porta atrás dele se fecha. E então, a Voz fala."**

Elias riu, mas o som morreu ao ver as palavras se alterarem no papel. A frase se tornou algo novo: **"Ele entende tarde demais."**

A porta se fechou atrás dele.

O senhor Adler sorriu. **"Agora escrevo sua parte."**

(Eduardo Andrade)
Enviado por (Eduardo Andrade) em 01/03/2025
Código do texto: T8275101
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