O Homem que Trazia a Chuva

O Homem que Trazia a Chuva

A seca assolava São Jerônimo há quase um ano. Nenhuma gota de chuva caía, os rios minguavam, e a terra rachava como pele ressequida. Os moradores rezavam, mas o céu permanecia impassível.

Até que **ele** chegou.

Era um homem alto, de rosto fino e olhos profundos demais, vestido com um terno negro que nunca pegava poeira. Ninguém o viu chegar. Apenas apareceu, sentado no bar da cidade, girando um copo vazio entre os dedos.

"Se querem chuva," ele disse naquela noite, "basta me **oferecer um nome**."

As pessoas riram, desconfiadas. Mas a seca os fazia desesperados.

Na manhã seguinte, o prefeito ofereceu o nome de um andarilho qualquer.

Ao cair da noite, o céu se abriu.

A chuva veio forte, espessa, negra como petróleo. A cidade celebrou sob a tempestade, dançando entre os relâmpagos estranhamente **silenciosos**.

Mas no dia seguinte, o andarilho estava **ausente**. Não morto, não desaparecido—**ninguém se lembrava dele**.

O Homem que Trazia a Chuva continuou ali, no mesmo bar, o copo ainda vazio.

"Ainda precisam de mais água?" ele perguntou, com um sorriso que parecia **errado**.

E a cidade, faminta, continuou lhe dando **nomes**.

Até que, um dia, não restou ninguém para lembrar que São Jerônimo **já existiu**.

(Eduardo Andrade)
Enviado por (Eduardo Andrade) em 28/02/2025
Código do texto: T8274266
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