O Homem que Trazia a Chuva
O Homem que Trazia a Chuva
A seca assolava São Jerônimo há quase um ano. Nenhuma gota de chuva caía, os rios minguavam, e a terra rachava como pele ressequida. Os moradores rezavam, mas o céu permanecia impassível.
Até que **ele** chegou.
Era um homem alto, de rosto fino e olhos profundos demais, vestido com um terno negro que nunca pegava poeira. Ninguém o viu chegar. Apenas apareceu, sentado no bar da cidade, girando um copo vazio entre os dedos.
"Se querem chuva," ele disse naquela noite, "basta me **oferecer um nome**."
As pessoas riram, desconfiadas. Mas a seca os fazia desesperados.
Na manhã seguinte, o prefeito ofereceu o nome de um andarilho qualquer.
Ao cair da noite, o céu se abriu.
A chuva veio forte, espessa, negra como petróleo. A cidade celebrou sob a tempestade, dançando entre os relâmpagos estranhamente **silenciosos**.
Mas no dia seguinte, o andarilho estava **ausente**. Não morto, não desaparecido—**ninguém se lembrava dele**.
O Homem que Trazia a Chuva continuou ali, no mesmo bar, o copo ainda vazio.
"Ainda precisam de mais água?" ele perguntou, com um sorriso que parecia **errado**.
E a cidade, faminta, continuou lhe dando **nomes**.
Até que, um dia, não restou ninguém para lembrar que São Jerônimo **já existiu**.