O Homem que Lembrou o Futuro
O Homem que Lembrou o Futuro
Na madrugada de 3 de março de 2027, Samuel Antunes acordou gritando.
Ele não sabia onde estava. Seu quarto parecia diferente, como se os móveis tivessem mudado de posição. O cheiro no ar não era familiar. Mas o pior estava no espelho.
O reflexo não era o dele.
A pele estava levemente deslocada, como se não encaixasse direito nos ossos. Seus olhos tinham um brilho esverdeado que ele nunca vira antes.
E então, ele **lembrou**.
Não do passado, mas do **futuro**.
Lembrou-se de um dia que ainda não havia acontecido—o dia 14 de novembro de 2031. O dia em que o céu se rasgaria como um tecido velho. O dia em que a humanidade veria, pela primeira vez, **o que vinha do outro lado**.
Ele tentou ignorar. Seguiu sua vida. Mas os detalhes vinham aos poucos: uma frase de um noticiário que ainda não havia sido dito, o rosto de um homem que ele reconhecia, mas nunca havia encontrado.
E então veio a pior lembrança.
O momento em que **eles** chegavam.
Entidades que não caminhavam, mas **se dobravam** através da realidade. Que não falavam, mas **faziam-se entendidos** dentro da mente. Criaturas que não eram feitas de carne ou luz, mas de um conceito que a mente humana **não deveria ser capaz de processar**.
Samuel tentou avisar. Ninguém acreditou.
Então, uma semana depois, ele **sumiu**.
Os vizinhos encontraram sua casa vazia, exceto por um único espelho rachado. E nele, refletido, não havia a sala—havia o céu rasgado de 2031.
E algo do outro lado **olhava de volta**.