A Máscara Sem Rosto

A Máscara Sem Rosto

O colecionador de artefatos esotéricos Victor Langley encontrou a máscara em um mercado clandestino em Budapeste. Era uma peça de madeira negra, sem traços visíveis, sem buracos para os olhos, apenas uma superfície lisa e polida como obsidiana. O vendedor, um homem de pele cinzenta e olhar perdido, recusou-se a dizer sua origem.

— **Ela não foi feita para ser usada.**

Langley ignorou o aviso. Em sua mansão em Londres, colocou a máscara sobre sua mesa, estudando-a sob diferentes luzes. Quando fechava os olhos, tinha a sensação de que a máscara **não estava imóvel**. Algo nela vibrava na beira da percepção, como uma nota inaudível ressoando no ar.

Na terceira noite, ele sonhou.

No sonho, ele estava em uma cidade sem nome, onde os edifícios se erguiam como espirais impossíveis, e as ruas eram pavimentadas com algo que lembrava ossos polidos. Figuras mascaradas caminhavam sem peso, movendo-se em perfeita sincronia, como marionetes invisíveis.

E então, uma delas se virou para ele.

A máscara que usava era **a mesma** que estava sobre sua mesa.

Victor acordou com o coração disparado, o suor frio escorrendo pelo rosto. Mas o pior ainda estava por vir.

A máscara não estava mais onde ele a havia deixado.

Ela agora repousava ao lado de sua cama.

Os sonhos voltaram todas as noites. Sempre a mesma cidade, as mesmas figuras. E, a cada sonho, ele percebia algo terrível: os mascarados estavam se aproximando dele.

Na última noite, ele sentiu algo pressionando seu rosto.

Acordou sem ar, os dedos tremendo ao tentar arrancá-la, mas **não havia mais rosto para tocar**. Seus olhos, sua pele, sua boca—tudo havia desaparecido.

Ele correu até o espelho.

E lá, refletido no vidro escuro, viu seu novo rosto:

**A máscara tinha sonhado com ele também.**

(Eduardo Andrade)
Enviado por (Eduardo Andrade) em 27/02/2025
Código do texto: T8273597
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