O Ventre do Mundo

O Ventre do Mundo

A perfuração começou na madrugada, quando o deserto ainda era uma sombra silenciosa. A empresa **Erebus Energy** não divulgava muitos detalhes sobre sua operação na Bacia de Atacama, apenas que procuravam um reservatório de gás profundo, algo que os satélites haviam detectado bem abaixo da crosta.

O primeiro **sinal de alerta** veio às 03h47.

— Chefe… tem algo errado com os sensores — disse Alvarez, o geólogo-chefe, franzindo a testa diante da tela cheia de distorções.

O **poço perfurado** estava descendo além do esperado. O GPS indicava que a broca estava a 15 quilômetros abaixo da superfície—algo fisicamente impossível, já que a crosta deveria ter resistido.

E então… os **sismômetros** começaram a cantar.

Um padrão. Uma pulsação que se repetia a cada doze segundos.

— Isso não é um tremor normal — murmurou Faraday, a engenheira-chefe.

Foi quando a **perfuração parou**. Não porque a broca encontrou rocha… mas porque **algo prendeu a broca**.

E então veio o som.

Um **rugido** de baixa frequência. Algo que não veio do solo, mas **do ar**, como se a própria atmosfera ressoasse em resposta ao que haviam feito.

No momento seguinte, o **poço sangrou**.

Um líquido **negro e opalescente** começou a subir pela tubulação, mas não como petróleo. Ele **se movia contra a gravidade**, subindo em espirais, formando padrões geométricos impossíveis.

Então… começaram os **sussurros**.

Eles **não vinham** de rádio, nem de microfones. Vinham **de dentro da cabeça** dos trabalhadores. Palavras sem idioma, mas carregadas de intenção.

**ACORDAMOS.**

As luzes do acampamento piscaram. A areia do deserto **se moveu**, formando ondulações, como se algo sob a superfície estivesse respirando.

E então, algo começou a **sair** do poço.

Algo **enorme**. Algo que **não deveria caber** ali.

Faraday gritou quando viu as estrelas **dobrando** ao redor da silhueta da coisa. Era como se **o próprio espaço-tempo estivesse se deformando** em torno da entidade que subia.

Alvarez caiu de joelhos. Seu nariz sangrava.

— Meu Deus… Nós… não perfuramos o solo.

Faraday virou-se para ele, apavorada.

— O que você quer dizer?

Alvarez riu, os olhos **vazios**.

— Nós perfuramos a **pele**.

O deserto tremeu.

O **mundo** despertava.

(Eduardo Andrade)
Enviado por (Eduardo Andrade) em 27/02/2025
Código do texto: T8273595
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