O Homem Atrás do Céu
O Homem Atrás do Céu
Ninguém mais olhava para cima.
Pedro percebeu isso um dia ao atravessar a cidade. As pessoas andavam apressadas, olhos fixos no chão ou nas telas dos celulares. Ninguém levantava a cabeça.
E quando ele olhou, entendeu por quê.
O céu não era o mesmo.
Havia algo ali. Algo **atrás** das nuvens, atrás da luz do sol. Uma silhueta vasta, imóvel, com contornos impossíveis de focar. Não era uma sombra, não era uma ilusão. Era um homem.
Mas ele era grande demais.
Pedro piscou, o coração acelerado. Quando olhou de novo, o céu estava como sempre fora. Mas a sensação ficou. Como se algo **soubesse** que ele o havia visto.
Naquela noite, Pedro sonhou com o céu.
No sonho, ele se ergueu do chão, puxado por um fio invisível, subindo cada vez mais alto. A cidade diminuiu abaixo dele, os prédios se tornaram manchas. As nuvens se dissiparam.
E então, ele **viu**.
O homem atrás do céu estava olhando para ele.
Não tinha rosto. Mas Pedro sabia que estava sendo observado. Sentiu a vastidão daquele ser se estendendo para além da compreensão, para além do espaço e do tempo.
Acordou arfando, as roupas encharcadas de suor. E algo estava diferente.
O silêncio.
A cidade ainda fazia barulho, mas algo fundamental estava ausente. Algo que ele não notara antes.
**Os pássaros tinham parado de cantar.**
No dia seguinte, Pedro tentou ignorar. Mas então, em uma esquina qualquer, viu um homem parado no meio da rua, olhando para cima.
Os olhos arregalados. O rosto congelado em terror absoluto.
Pedro o seguiu. Tentou falar com ele. Sem resposta. Apenas os olhos fixos no céu.
E então, um por um, outros começaram a olhar também.
Primeiro alguns. Depois dezenas. Depois centenas.
As ruas ficaram cheias de pessoas paralisadas, todas olhando para cima, mudas, tremendo.
Pedro olhou também.
O homem atrás do céu estava mais próximo.
E estava **sorrindo**.