A Cidade Que Só Aparece à Noite
A Cidade Que Só Aparece à Noite
Ninguém sabia o nome da cidade.
Os caminhoneiros que cruzavam a estrada 405 juravam que, em certas noites, viam luzes onde deveria haver apenas deserto. Um emaranhado de prédios antigos, ruas calçadas com pedra escura e postes de luz que piscavam como velas prestes a apagar.
Mas quando voltavam durante o dia, não havia nada lá.
Júlia era cética. Repórter investigativa, não acreditava em lendas urbanas. Mas quando viu a cidade com os próprios olhos, algo dentro dela se quebrou.
Os mapas diziam que aquele lugar não existia.
Mas ela estacionou na beira da estrada e viu os prédios se estendendo na escuridão. A cidade era real. **Ou parecia ser.**
Ela entrou.
As ruas estavam vazias. Nenhum som de animais. Nenhum vento. Apenas um silêncio espesso, como se o ar estivesse **esperando**.
Os letreiros das lojas tinham palavras que não reconhecia. Mas quanto mais olhava, mais pareciam fazer sentido.
Então, ela viu as pessoas.
Ou pelo menos, achou que eram pessoas.
Altas demais. Magras demais. Vestindo roupas de outra época. Eles estavam ali, parados, imóveis, em frente às vitrines vazias.
Todos olhando para ela.
Júlia sentiu um arrepio profundo.
Virou-se para correr. Mas atrás dela, onde antes havia estrada e deserto, agora só existia **mais cidade**.
As ruas haviam se estendido. Crescido ao seu redor.
E, então, as luzes começaram a apagar.
Ela ouviu um sussurro vindo de todas as direções.
_"Você demorou tanto para voltar."_
O último poste de luz piscou.
E a cidade apagou com ele.
Na manhã seguinte, apenas o carro de Júlia foi encontrado na estrada.
Mas os caminhoneiros juram que agora, nas noites sem lua, veem uma nova silhueta parada entre os prédios.
Uma mulher, imóvel.
Esperando.