Os Olhos do Manuscrito

Os Olhos do Manuscrito

A chuva castigava as ruas de Dresden quando o antiquário Elias Vogt recebeu um visitante inesperado. O homem era alto, magro como um cadáver recém-exumado, e segurava um pacote envolto em pano preto.

— **Preciso me livrar disto. Agora. Antes que eu… antes que seja tarde.** — A voz do estranho tremia.

Elias hesitou, mas a promessa de um artefato raro era irresistível. Com dedos cuidadosos, desfez o nó e revelou **um manuscrito encadernado em couro estranho**, sua superfície gravada com símbolos que não pertenciam a nenhum alfabeto humano.

— **Onde encontrou isso?** — Elias sussurrou.

O homem apenas sorriu, um sorriso fino e quebrado. Então, sem dizer mais nada, virou-se e desapareceu na tempestade.

Elias trancou as portas, acendeu o candeeiro e abriu o livro.

As palavras não deveriam fazer sentido, mas **se reorganizavam dentro de sua mente**, formando frases impossíveis, histórias de tempos antes do tempo, nomes de entidades esquecidas. A sala pareceu se tornar maior, as sombras nos cantos se alongando como dedos famintos.

Na página final, uma ilustração: **um símbolo fractal, impossível, que parecia se mover**. Elias piscou, e percebeu, horrorizado, que o desenho **tinha olhos**.

E então… **o manuscrito sussurrou seu nome.**

Ele tentou se afastar, mas suas mãos não obedeceram. Seus olhos continuaram fixos na página enquanto os símbolos se retorciam, afundando em sua pele como cicatrizes ardentes.

O silêncio na loja foi quebrado por um som novo.

**Algo estava rindo.**

Elias Vogt nunca foi visto novamente. Mas na noite seguinte, um novo homem, magro e silencioso, apareceu na chuva, carregando um pacote de pano preto.

E a história começou de novo.

(Eduardo Andrade)
Enviado por (Eduardo Andrade) em 07/02/2025
Código do texto: T8259322
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