O Rádio e o Monólito
O Rádio e o Monólito
Localizada em uma plataforma abandonada no Adriático, a estação de rádio era um vestígio esquecido da Guerra Fria. Apenas um homem ainda operava seus transmissores: **Domenico Carosi**, um radialista que acreditava que **algo o escutava**.
A primeira anomalia ocorreu em uma noite sem luar. Domenico estava revisando frequências quando **um sinal surgiu do nada**—uma pulsação grave, irregular, acompanhada por um ruído semelhante a um sussurro.
Ele ajustou o dial, gravando tudo. A voz parecia distante, deslocada, mas então ele percebeu algo: **estava falando em italiano arcaico**.
— **No fundo, eles dormem. No fundo, eles esperam.**
Um arrepio percorreu sua espinha.
Por semanas, o sinal retornou sempre às 03h13. Cada vez mais claro. As vozes se multiplicaram, sussurrando sobre **algo afundado sob o Adriático**, algo **que nunca deveria ser nomeado**.
Na noite final, o mar estava calmo como vidro. A transmissão veio mais forte do que nunca. Domenico ouviu, apavorado, enquanto **o chiado se tornou um canto profundo e úmido**, como se muitas vozes falassem através de água estagnada.
E então, o prédio inteiro **tremeu**.
O microfone caiu. Domenico correu até a janela e viu—**o mar estava se abrindo**.
Algo colossal **emergia das profundezas**, um monólito de pedra negra coberto por símbolos impossíveis. De suas fendas, **olhos abissais se abriram**, piscando em descompasso, encarando-o.
A transmissão captou seu grito.
A última coisa gravada antes do silêncio foi **o som da água invadindo a estação**.
Na manhã seguinte, Stazione Orpheo não existia mais.
Mas em rádios antigos, em ondas perdidas pelo mundo, a transmissão ainda pode ser captada.
E se alguém ousar escutá-la até o fim… **as vozes responderão**.