O Exorcista

O Exorcista

Era uma tarde nublada no sítio da família de Maria Júlia. A atmosfera carregada e o silêncio inquietante anunciavam que algo estava fora do comum. Desde o retorno de seu filho Pedro de uma noite com os amigos, a mãe notara um comportamento estranho e perturbador. Ele, que sempre fora alegre e comunicativo, agora se isolava em seu quarto, com olhos que pareciam vazios e palavras sussurradas em uma língua que ela não compreendia.

Maria Júlia era uma mulher profundamente religiosa, frequentadora assídua da igreja local. Lá, ela havia conhecido o padre Gabrielle, um exorcista renomado, com quem mantinha uma relação próxima devido ao seu trabalho voluntário na paróquia. Desesperada, ela decidiu ligar para ele.

“Padre, pelo amor de Deus, venha o mais rápido possível! Meu filho... algo terrível está acontecendo com ele!”, implorou.

Gabrielle, com sua voz calma e firme, respondeu que estava a caminho. Ele pediu que ela mantivesse a fé e preparasse o ambiente com objetos religiosos: um crucifixo, velas abençoadas e água benta.

Pouco depois, Gabrielle chegou ao sítio acompanhado de seu assistente, um jovem diácono chamado Antônio, que o ajudava em rituais mais intensos. O padre observou o ambiente: a casa estava tomada por uma sensação de opressão. Era como se algo invisível pairasse no ar, observando cada movimento.

Maria Júlia explicou que tudo havia começado depois de uma reunião de Pedro com amigos. “Eles jogaram aquele jogo, padre... o tal de ouija. Depois disso, ele nunca mais foi o mesmo.”

Gabrielle assentiu gravemente. Ele sabia que brincadeiras com o sobrenatural podiam abrir portas que não deveriam ser abertas. Ele pediu para ver Pedro e, ao entrar no quarto, sentiu uma presença que gelou sua espinha.

Pedro estava sentado no chão, murmurando palavras desconexas. Seus olhos não pareciam mais humanos; estavam negros como a noite, e seu sorriso era perturbador. Quando viu Gabrielle, riu de forma debochada.

“Você acha que pode me tirar daqui, padre?”, disse Pedro com uma voz gutural que não era a sua.

Gabrielle começou a oração inicial, pedindo perdão a Deus por seus próprios pecados e forças para enfrentar o que estava por vir. Antônio se preparava ao seu lado, segurando o crucifixo e o frasco de água benta.

A primeira sessão foi brutal. Assim que Gabrielle começou a entoar as orações do Rito de Exorcismo, Pedro gritou e se contorceu, enquanto objetos na sala começaram a se mover sozinhos. Antônio tentou segurar o rapaz para colocar um crucifixo em sua testa, mas Pedro, com força sobre-humana, o lançou contra a parede. Antônio caiu, com um corte profundo na testa. Maria Júlia correu para socorrê-lo, improvisando um curativo.

“Ele é forte demais, padre!”, disse Antônio, ofegante.

“Não é ele, mas o que está dentro dele”, respondeu Gabrielle.

A luta espiritual continuou por horas. Gabrielle sabia que precisava descobrir o nome do demônio, pois isso lhe daria poder para expulsá-lo. Ele insistiu nas perguntas:

“Qual é o seu nome, espírito imundo?”

Pedro, com um olhar desafiador, apenas ria. Mas em um momento de descuido, revelou: “Eu sou Lúcifer. Este corpo é meu agora.”

Ao ouvir isso, Gabrielle soube que enfrentava o próprio Príncipe das Trevas. Ele intensificou as orações, mas o ambiente se tornou insuportável. Um vento forte percorreu a casa, apagando as velas e lançando os objetos ao chão.

“Ele tem uma alma fraca!”, gritou Lúcifer, rindo.

Pedro começou a convulsionar violentamente. Gabrielle e Antônio fizeram tudo o que podiam, mas, de repente, o rapaz parou de se mover. Seus olhos se fecharam, e seu corpo ficou inerte.

Maria Júlia gritou em desespero, correndo para o filho. Mas era tarde demais. Pedro estava morto.

“O corpo é frágil, mas a alma é minha!”, disse a voz de Lúcifer antes de desaparecer, deixando a casa em um silêncio assustador.

Gabrielle caiu de joelhos, orando em lágrimas. Ele sabia que havia perdido a batalha por Pedro, mas precisava garantir que a família estivesse protegida. Ele abençoou a casa, realizou uma oração final e consolou Maria Júlia.

No final, Maria Júlia, ainda de luto, preparou um café da tarde para os padres antes de sua partida. “Obrigada por tudo, padre Gabrielle. Mesmo com essa tragédia, sei que Deus está conosco.”

Gabrielle olhou para ela com olhos cansados, mas cheios de compaixão. “A fé é o que nos mantém firmes, minha filha. Continuem orando e confiem que Pedro está nos braços de Deus.”

Enquanto os padres deixavam o sítio, o céu escurecia, e um trovão ressoava ao longe. A batalha havia terminado, mas Gabrielle sabia que o mal nunca descansava. Ele se preparava para a próxima guerra, com a fé como sua única arma.

Dra. Gabriella Oliveira [2025] _ Todos os direitos reservados

Bella Oliveira
Enviado por Bella Oliveira em 21/01/2025
Código do texto: T8246245
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