Flufi

Os três amigos descem pela Rua Sorvinha.

Escura e silenciosa.

As gotas que pingam ritmamente das calhas lembram que chovia ainda há pouco.

Não há uma viv´alma nessa rua.

Os três amigos voltam do salão de rock, suas roupas pretas, molhadas, colam ao corpo. Trazendo o frio e a pressa de chegar às suas casas.

Aquela rua, Sorvinha, tem fama de mal-assombrada. Poucas são as casas em que ainda moram pessoas.

Os dois roqueiros e a garota apressam o passo, nenhum deles quer admitir o medo que sentem em passar por lá.

Em uma casa a luz acende e torna a apagar. Em outra que não passa de ruínas, um vulto passa pela janela.

Um cachorro uiva longamente numa das casas próximas.

Tremendo, de frio e um pouco de medo ouvem um grito assustador:

- FLUUUUFIIIIII!!

Um dos rapazes quase se caga todo.

Em um muro semi-destruído aparece uma senhora.

Tão feia, tão feia, que parece uma assombração.

Extremamente pálida zaroia e com o cabelo desgrenhado.

Os três amigos ficam estáticos no meio do asfalto rachado.

- você mi ajuda a acha o Flufi??

A velha pede com lágrimas nos olhos.

- Vai se fudê vovó!!! – grita um deles subindo o dedo da maldade.

Os três descem a Rua gargalhando muito, mas correndo.

A garoa recomeça fina, deixando a noite mais sombria.

Um gato sobe no muro da velha, algo grosso e pegajoso agarra o felino derrepente.

Abaixo da linha do muro o que seria o corpo da velha é todo formado de tentáculos.

A criatura abaixa devagar seus olhos rubros de sangue.

Ela crava os dentes na barriga do bichano que se contorce, comendo suas tripas.

Pensando com tristeza nos três garotos que não chegaram próximos o bastante.

Fim.

Humberto Lima
Enviado por Humberto Lima em 19/01/2008
Código do texto: T824601
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