SUZAN HARPER
Um velho casarão de paredes avermelhadas, com seus balcões em madeira de jatobá, uma escada descascando e o piso velho destruído foi o que restou do antiga e soberba construção em estilo vitoriano, que hoje não passa de um edifício em completa ruína. Um Antigo Junghans Wurttemberg 1892 ainda enfeita a parede do velho casarão, embora não possa mostra as horas.
Ali funcionou durante anos, o famoso sanatório Harper, fundado pelo médico psiquiatra, doutor Gustav Harper e que hoje não existe mais, porém as velhas e assombrosas histórias ainda atormentam, até os dias de hoje os moradores que residem próximos à decrépita obra, aos arredores de Londres.
E algumas dessas narrativas percorrem vozes até hoje, quando se passa em frente ao antigo prédio...
Quando ele despertou de seu sono profundo, era mais uma noite infernal nos grilhões que o prendiam na cama de concreto do manicômio “Peter Lee”.
Quem poderia apostar que ele terminaria seus dias em um lugar com as mesmas características e com os mesmos horrores que ele plantou em cada uma daquelas pessoas.
Em 1891, o sanatório Harper, fora fundado por ele, para albergar criminosos insanos, mas a realidade era outra, cruel e assustadora.
Apurou-se que o doutor Gustav Harper, que era obcecado em provar a vida após a morte, realizara macabras experiências, torturou e levou à morte, um sem número de doentes mentais que foram levados para o Sanatório Harper.
Existia entre o famigerado médico psiquiatra e o estado, um certo acordo de receber os inimputáveis, ou seja, todos aqueles que por alguma limitação de ordem mental eram considerados incapazes para responderem por seus atos e para lá eram enviados. Sua real missão era dar tratamento ambulatorial àquelas pessoas insanas e afastadas do convívio social; aliás, o estado o pagava para isso, mas ele tinha outras intenções; experiências e descobertas sinistras, que mais tarde assombraram a comunidade aos arredores de Londres e revelaram a personalidade psicopática e lunática do ilustre galeno
Relatório 01- Comissão de Investigação para assuntos internos-000878-23/10.
Julho de 1910
Depoimento de Sarah Myers, enfermeira da ala 7 do Sanatório Harper:
“Percebi desde o primeiro dia que o paciente Aron Harris não tinha nenhum tipo de patologia de ordem mental, a não ser a dependência química; era usuário de entorpecentes, mas não necessitava especificamente de estar ali no Sanatório Harper. Mas seus pais, convencidos pelo doutor Gustav, o enviaram para lá. O homem tinha consciência, falava pausadamente e tinha bom cognitivo e ordem mental, mas em pouco tempo estava alucinado, já não lembrava de nada, sua cor era amarelada e ao mesmo tempo arroxeada, com semblante doentio e sem reação, emagrecia dia após dia, até vir a óbito, no dia 13 de dezembro de 1893”.
Durante os anos em que esteve à frente do Sanatório Harper, o doutor Gustav colecionou corpos e objetos macabros, além de poções e fórmulas estranhas.
As pessoas que eram enviadas ao sanatório e que sofriam de problemas de ordem mental não estavam sendo recebidas para tratamento ambulatorial, elas estavam sendo utilizadas como cobaias, para pesquisas, para desejos obscuros, fúnebres e lunáticos, do médico responsável.
O homem relatado pela enfermeira Sarah, fora uma verdadeira cobaia do doutor Harper. Obrigado a tomar fortíssimas doses de medicamentos pesados e tendo seu sangue retirado todas as noites, o “paciente” fora desfalecendo dia após dia, até a morte.
Em outro caso sinistro, o doutor Harper, com ajuda de seu assistente, fora até o cemitério de Londres (em uma espécie de Frankenstein) e desenterraram o corpo de um homem que havia sido sepultado recentemente e o levaram até o sanatório, donde o doutor Harper injetara sangue e outros líquidos no corpo do falecido, retirando de seus pacientes, doentes mentais, tentando provar como experiência, que era possível devolver a vida ao falecido, ainda que em outro corpo.
Relatório 02- Comissão de Investigação para assuntos internos-000878-23/10.
Agosto de 1910- Penitenciária de LondriCity
Depoimento de Chark Manson, assistente direto do doutor Gustav Harper:
“Fomos até o cemitério, após a meia noite. Havia falecido Alan de Boer, filho de um grande comerciante local. Por se tratar de um homem forte e inteligente, que morrera de acidente, o doutor Harper acreditava que aquela força, aquela energia vital e a inteligência daquele jovem poderiam ser reaproveitadas, trazendo-o de volta à vida em um novo corpo e misturando-se os cérebros, pois para ele, a loucura de seus pacientes era um ponto positivo, mas, considerada essa loucura isoladamente, eles eram apenas pessoas loucas, mas, se pudesse ser contrabalanceada com a lucidez de uma pessoa comum, assim teríamos o verdadeiro e único ser na terra, para ele, se de um lado, a maioria dos humanos são “normais”, e portanto plenamente lúcidos, isso seria pouco, seria indiferente e portanto rotineiro, mas se por outro lado, misturada essa lucidez à loucura e equilibrados esse dois horizontes, teríamos o ser humano ideal. A mente perfeita. E durante anos, com essa ideia fixa, ele, se apoderava de pessoas lúcidas e conscientes e misturando os genes dos corpos e mente destas, com o das pessoas ditas “loucas”, ele queria produzir a pessoa ideal, queria provar que, com esses métodos, mesmo após a morte de alguns pacientes e de outras pessoas consideradas normais, era possível trazê-las de volta à vida, e agora com a formação do equilíbrio, loucura e lucidez, o ser humano perfeito”.
Chark Manson fora condenado por coautoria em diversos crimes, como assassinatos, lesões corporais graves, maus tratos, violação de sepultura, ocultação de cadáveres (que desapareciam do sanatório sem explicação, apenas alegando fugas), tráfico de medicamentos, dentre outros.
Apurou-se ainda que o doutor Gustav já havia sido preso após tentar fazer um ritual ocultista com uma aluna, tentando trazer de volta sua mãe morta e mantida por ele escondida, no corpo da jovem aluna.
Dentre esses e tantos outros depoimentos, documentos, fotos e restos mortais localizados aos fundos do sanatório Harper, escondidos em um tipo de porão, a Comissão deliberou pelo fechamento do local e a imediata prisão do doutor Gustav Harper, mas como fora considerada uma pessoa com personalidade psicopática, sádica e lunática, o doutor Gustav Harper fora encaminhado ao Manicômio Central de Londres, denominado “Peter Lee”.
Algumas pessoas, até os dias de hoje, afirmam com veemência, avistar uma mulher maltrapilha e de roupas brancas que aparece, desparece e reaparece no antigo barracão, nas ruínas do velho prédio onde um dia funcionou o sanatório Harper.
Notícias de jornais, comentários em página da internet e conversas em rodas de amigos sempre afirmaram que a mulher de branco que alguns conseguem avistar, é o fantasma do sanatório, um espírito que vagueia há anos por ali. Nem todos acreditam na história, nem todos a conseguem avistar, mas os que relatam a visão, afirmam que ela “reside” ali.
Apenas anos depois, após reabrirem as investigações, após relatos insistentes de pessoas que tiveram a visão daquela mulher de branco, eles conseguiram enfim ligar uma coisa à outra, e então, até os próprios céticos investigadores passaram a acreditar na história.
Suzan Harper, única filha do doutor Gustav Harper e que era abusada por ele há anos, auxiliou o pai quando o mesmo tentara trazer de volta à vida, sua mãe no corpo da jovem aluna.
Enquanto o doutor Gustav fora encaminhado para a prisão, Suzan continuou a experiência macabra, e misturando a sanidade da aluna de seu pai com os restos mortais de sua avó, que era de certa forma lunática, ela conseguiu realizar o sonho de seu pai, de fazer a mistura da sanidade com a insanidade, tentando dar vida ao ser humano perfeito, e sua avó então voltara à vida, porém em pouco tempo aquele corpo transformado, na mistura da aluna e da mãe de Gustav Harper não deu certo, e tornou-se agressivo e indiferente, assassinando a filha do médico louco com 66 facadas, dilacerando seu corpo e lançando seus pedaços para todos os cantos do sanatório; e, após isso, aquela mistura de aluna e mãe do médico também se matou ao se jogar embaixo de um caminhão em alta velocidade, na rodovia onde dava acesso ao sanatório.
Após todas as conclusões, eles não têm dúvidas...
A mulher que aparece até os dias de hoje no antigo sanatório é o espírito de Suzan Harper que por lá fica vagando e tomando conta do local; sua obsessão herdada do pai, permeia até os dias de hoje a antiga construção, cuidando para que os experimentos macabros do doutor Harper nunca morram.