HOSPITAL DAS BONECAS- 2
Durante a noite Eiglon sonhava que era perseguido pela boneca sinistra Aneica, ele corria mas não saía do mesmo lugar. Dois chinelos que estavam num canto, caminhavam sozinhos pelo quarto escuro, depois se enfiaram embaixo da cama.
Na manhã seguinte reiniciou seu trabalho no hospital das bonecas. Ele misturava o material de pó de porcelana e corante
numa tigela para restaurar um brinquedo. Na mesa havia uma garrafa de água, o líquido começou a borbulhar como se estivesse fervendo, e a tampa saltou para longe.
Seu colega Werner veio chamá-lo dizendo que a firma da limpeza queria falar com eles. Na sala dos brinquedos, os olhos de todas as bonecas que estavam nas prateleiras, haviam sido arrancados e espalhados pelo chão num cenário macabro. A coleção dos soldadinhos de chumbo e suas armas de guerra haviam sido furtados.
Os vídeos internos foram observados, mas não mostrava ninguém saindo nem entrando no museu. O ladrão responsável pelo ato de vandalismo deveria ter se escondido e passado a noite no museu, pela manhã quando a porta foi aberta ele se misturou com os visitantes e saiu sem ser percebido.
O hospital das bonecas decidiu ficar fechado para visitantes algumas semanas até os estragos dos brinquedos serem reparados, sendo permitida entrada apenas para os funcionários.
Dois dias depois Werner ficou sozinho até mais tarde na sua sala para terminar de escrever um relatório no computador.
Ele não percebeu que as gavetas da outra escrivaninha se abriam devagar e diversos soldadinhos de chumbo espiaram alguns segundos depois saíram para fora. Ele sentiu uma picada na perna e olhou para baixo, um soldadinho de chumbo apontava um fuzil para ele, outros se aproximavam armados com tanques de guerra, aviões de caça revoando pela sala. Werner foi cercado pelo pelotão de soldadinhos de chumbo, sendo atingido por granadas, baionetas e carabinas, tiros de fuzil. Sem acreditar no que via, achando que estava tendo um pesadelo, tentou caminhar para a porta, mas foi atingido por uma bomba largada por um avião e tombou ao chão desacordado. A infantaria de soldadinhos de chumbo tornaram a se esconder no meio dos arquivos e livros. Em outra sala na redoma de vidro a boneca macabra Aneica aranhava o vidro com suas garras, querendo se libertar.
Eiglon se preparava para dormir quando tocou o celular, e foi atender.
— Aqui é Werner, estou no hospital, fui atacado e ferido pelo batalhão de soldadinhos de chumbo. Fiquei desacordado por algum tempo. Eles estão escondidos pelo museu. Esses brinquedos são assombrados e perigosos. Aquela boneca macabra Aneica pertencia a uma bruxa-mestra de vodu, era uma espécie de amuleto de invocação do mal.
— Werner tome os medicamentos e tente dormir. Tudo não passou dum pesadelo, voce trabalha demais, amanhã irei visitá-lo e conversaremos a respeito.
Eiglon deitou-se na cama e logo adormeceu. Enquanto ele dormia a porta do guarda-roupa se abriu silenciosamente. Na pequena adega da sala as rolhas das garrafas de vinho saltavam para o alto. Lá fora um ganido de animalidade cortou o silêncio da noite. . .
★ segue no cap. 3