CAZUMBIS - fim
Com a visibilidade dificultada pela neblina, o piloto tentava achar um lugar para pousar o helicóptero usando o radar. Ele conseguiu descer num gramado rodeado de arbustos com flores coloridas rododendro. A ilha toda era infestada pela mesma espécie de flores por todos lados. Nas árvores haviam centenas de balões de grandes abelhas, que entravam e saíam das colmeias emitindo um zumbido infernal.
— Nunca vi abelhas gigantes desse tamanho, devem ter três centímetros.
Logo um enxame encobriu todo helicóptero como uma nuvem, outras revoavam zumbindo ao redor demostrando não apreciarem estranhos na ilha Spinalonga.
— Vamos permanecer dentro do helicóptero, essas big abelhas são agressivas e perigosas. Vou tentar capturar algumas delas para averiguar sua espécie.
Karl pegou uma toalha que havia no banco, abriu uma fresta do vidro da janela, imediatamente quatro abelhas entraram. Ele jogou a toalha por cima delas conseguindo aprisioná-las, deixando um orifício no tecido para entrar ar.
— Vejam só aquilo ! Os Cazumbis existem mesmo, não é apenas uma lenda.
Dezenas de pessoas de cor pálida e desengonçados, com roupas esfarrapadas e movimentos desequilibrados, olhos alucinados, armados com pedras e paus de madeira caminhavam em direção do helicóptero.
Enquanto o piloto girava a hélice fazendo barulho, calor e vento para espantar as abelhas, foram alvejados por uma saraivada de pedras e paus. Uma pedra trincou o vidro frontal do helicóptero. Usando a prática de vinte anos e sua destreza o piloto rodava em voltas com o helicóptero, conseguindo levantar voo e deixar a ilha dos Cazumbis para trás.
Na cidade o hoteleiro Karl levou as abelhas que havia trazido da ilha para o ornitólogo-biólogo dr. Kleber Weid investigar.
Dr. Weid examinou as abelhas e as imagens das flores e colmeias que haviam sido feitas na ilha Spinalonga.
— São da espécie Apis Dorsata Laboriosa, a maior abelha do mundo, produtoras do mel de Gurung. O mel é fabricado de néctar da flor Rododendro, que contém a substância Grayanotoxina, de efeito psicoativo e alucinógeno, altera percepção sensorial, conhecido como "Mel Louco". Os habitantes da ilha devem se alimentar do mel, sofrem alucinações, enxergam monstros, pássaros gigantes, perdem a coordenação motora, ficando drogados, agressivos, se comportam como Cazumbis, adquirem comportamento de zumbis. Essas abelhas habitam o Nepal e Himalaya, foram trazidas no passado para a ilha leprosário numa esperança de cura. Essa qualidade de mel de Gurung é raro e bastante caro.
Assim o instituto de proteção do meio ambiente, não permitiu para Karl construir um hotel na ilha e ele desistiu da obra.
Spinalonga tornou-se bio-reservado da natureza, com entrada proibida para visitantes, sendo apenas autorizado um laboratório ir colher o mel para ser usado com fins medicinais. Os moradores foram retirados da ilha, internados para desintoxicação em hospitais, depois de curados fixaram moradia em outros lugares. Assim a lenda dos Cazumbis foi esclarecida, pela ingestão do "Mel Louco".
Atualmente os pescadores contam outra estória, de terem visto na ilha um réptil Mokele-Mbembe, com olhos binoculares, 12 metros e 5 toneladas, mesma espécie de dinossauro já avistado em diversas aldeias na África.
A ilha Spinalonga continua envolta na neblina e coberta de lendas sinistras e assombrações fantasmagóricas.
🐝 🐝 FIM 🦕 🦕
🌿🌿🌿🌿🌿🌿🌿🌿🌿🌿🌿🌿🌿🌿