The midnight hour (A Hora do Terror)
Cuidado, Moçada! É a Hora do Terror... Uhuhuuuu...
Delicioso! Embora o adjetivo desponte como uma maneira pouco habitual para caracterizar um filme de terror, ainda mais quando remete tanta nostalgia, parece um rótulo perfeito para ilustrar “A Hora do Terror” (The Midnight Hour), um filme de 1985, produzido para televisão, com exibição inédita no dia 1° de novembro daquele ano nos Estados Unidos. Em terras tupiniquins, o longa metragem assinado por Jack Bender foi exibido e reexibido em abundância pelo SBT, marcando a adolescência de muita gente, conquistando um número quase distinto de fãs por mostrar-se um terror inebriante, peculiar por sua dose de drama e aventura, impelido também de palpitações hilárias. Tais elementos saltam aos olhos impulsionados pelo perfeito casamento da direção com o criativo roteiro, escrito por Bill Bleich, aliado também à notável trilha sonora composta por Brad Fiedel.
O enredo se estabelece na noite do dia 31 de outubro, quando a idílica Cove Pitchford é atingida pela escuridão, desencadeada pela centenária maldição rogada por uma bruxa diabólica. Assim, a horda dos “lendários demônios do inferno, bem como os mortos com negócios inacabados na Terra” passam a povoar as ruas em uma marcha errante pela interiorana e pacata cidade da Nova Inglaterra. A situação é resultante de uma brincadeira mal-ajambrada realizada horas antes por jovens locais. O grupo, em pleno Dia das Bruxas, teve a brilhante ideia de saquear as fantasias de seus antepassados expostas no antigo museu da igreja.
Tudo não passava de uma travessura para curtir, em grande estilo, a melhor noite do ano. Até a exuberante colegial Melissa Cavender (Shari Belafonte), recitar o conteúdo impresso em um pergaminho lacrado. As aparentes palavras sem sentido configuravam a maldição jogada por Lucinda Cavender (Jonelle Allen), uma poderosíssima necromante.
A praga se espalha com virulência por toda Cove Pitchford e a única esperança de arrefecer o mal atende pelo nome de Phil Grenville (Lee Montgomery). Bem às avessas de um paladino de justiça, o tímido herói também esteve alheio aos eventos, mais preocupado em eternizar bons momentos com a bela e enigmática Sandy (Jonna Lee). A garota é a única ajuda disponível para o descendente do famoso caçador de bruxas, que centenas de anos atrás defenestrou o mesmo mal que tentou dominar a bucólica região.
A razão para o nome, “A Hora do Terror” ou “The Midnight Hour” (Horror da Meia Noite em tradução literal), tem ao menos duas significações. A mais inventiva dialoga com um programa de rádio homônimo transmitido durante a noite. As músicas tocadas acompanham toda a trama, tendo como locutor uma voz excêntrica, de ninguém menos que o lendário Wolfman Jack. Além de referendar a hora em que o feitiço lançado por Lucinda sofreria uma espécie de desenlace, passando a ser impossível desatá-lo.
Zumbis, bruxas, vampiros, todos unidos formando um exército de mortos-vivos. As criaturas malignas das trevas eram confundidas com os moradores de Cove Pitchford, misturavam-se a eles enquanto vagavam, espalhando a maldição, dispostas a dizimar tudo em deleite pelo famigerado desejo de vingança. E a cidade, agora acometida pelo caos, celebrava o Halloween de uma maneira singular.
Apesar de todos os requisitos, A Hora do Terror rechaça a proposta de um terror visceral, mas no disfarce de “filme para família” traz cenas perturbantes ao mesmo tempo em que evoca o lúdico clima do Dia das Bruxas. Portanto, vale a pena dedicar cada minuto a essa produção. Além de toda miscelânea atrelada à obra, é um filme que não sai da cabeça com facilidade! Exibido quase à exaustão pelo SBT durante a década de 90, no Cinema em Casa, mais que uma surpresa, foi uma alegria contagiante, embalando as tardes quando amigos se aglomeravam em um sofá, vidrados na telinha. Uma cena esquecida, no cantinho da memória, e embora repetida bastantes vezes, reflete os bons momentos de um passado que não volta mais.
Entrementes, em nome desse passado longínquo, pensem duas vezes se irão ingressar (novamente talvez), nessa nova desventura. Porque como previne o locutor logo no início do filme: Cuidado, Moçada! É a Hora do Terror... Uhuhuuuu...